domingo, 2 de agosto de 2015

Prometheus




Devorei minha própria carne,
Assim como Saturno devorou suas crianças
E, de meus ossos, foi feito pó.

O pó lançou-se ao vento e
O vento carregou-o até seu destino,
Onde cobriu o corpo vazio e deu-lhe
Vida somente para tirá-la em seguida.

Afastei-me de Vênus o suficiente
Para não me afogar nela, mas perto
O bastante para cheirá-la, vê-la e ouvi-la.

Rejeitei o Eros e o Himeros,
Tornando-me uma escultura em
Mármore branco que, sob o calor
Da Coroa Solar, derreteu-se em açúcar.

Tomei-me do vermelho de Marte
E lancei mão de sua espada escarlate
Com a qual ceifei vidas, enquanto as
Fúrias gozavam a cada corpo fendido.

Quando cansei de tudo e nem
Mesmo o nada supriu-me, lancei-me
À fogueira brilhante de Joanna D'Arc.

Consumi o fogo que me consumiu
E domei-o em minhas mãos.
O tudo é nada e nada é tudo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mostre sua alma!