terça-feira, 9 de junho de 2015

O Monge

I

Enterrei minhas vontades e
Encerrei meu corpo sob o
Peso da glória de Deus.
Minha boca proferia somente
Louvor, enquanto milhares de
Santos miravam-me com compaixão,
Ternura e sofreguidão por
Minha humanidade indelével.

II

Posto que um anjo eu vi e
Que de suas asas coloridas
Um perfume emanou, fechei
Meus olhos e rezei "Gloriam Dei!"
Sua santa boca proferiu dizeres
Na língua de Adão e Enoque.
Incompreensível à minha razão,
A voz do anjo tocou meu coração
E minh'alma inundou-se de júbilo.
Então aquela criatura beijou-me
A maçã do rosto e esvaneceu
Com toda a sua glória e pureza.

III

O anjo se foi e sua palavra
Ainda reverberava dentro de mim
Os ecos do jubilo agitavam-me.
Desenterrei minhas vontades
E vivi toda a pureza da
Sensualidade dos deuses e dos
Pais Ancestrais, renascidos
Na luz dos homens dos
Séculos da luz.

IV

Bebi o vinho de Baco
Beijei os lábios de Afrodite
Afaguei os cabelos de Ganimedes
Deitei-me com Eros e Psiquê
Dancei com ninfas e sátiros
Curvei-me diante dos anjos
E dos anjos escarneci com
Alguns poucos demônios
Apreciei o Cristo crucificado
E chorei com a Mãe Compadecida.

V

Caminhei pelo vale de lágrimas
Certo de que nada me faltaria.
Quando clamei "Kyrie, Eleison!",
Durante o desespero de "Dies Irae",
Ouvi uma gargalhada suave e então...

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