terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Pecado Original

Ao contrário do que se pensa, o pecado original não foi a vontade de ser como Deus, mas a curiosidade de saber o que viria após a maçã. A maldição divina perdura desde o Pai e a Mãe.

Ela não tinha rosto, mas falava comigo.
Ela era mortal, mas possuía poderes mágicos.
Ela tinha rosto de anjo...assim como Lúcifer.
Eu, amaldiçoado como o Pai e a Mãe, cometi o pecado da curiosidade. Pois como Deus criou a receita e o Diabo colocou tempero, minha curiosidade é um pouco exacerbada. E daí que ela não tinha rosto? O mal do pecado é que ele causa um vício inimaginável.

Eu passei a precisar de doses diárias Dela. Não tinha ideia do seu rosto ou da sua voz mas eu a sentia perto de mim... podia ouvi-la rir e me tocar. E por tantas vezes Ela riu e me tocou! E por tantas vezes eu quis tocá-La...

Por fim aquela sementinha levemente maligna, mas muito inebriante e forte foi plantada. E aquela semente, apesar de gerar flores, cresceu mais do que trepadeira. Pois meu mundo ganhou uma espécie nova. Nova e devastadora. Sim, devastadora, porque embelezava mas tinha espinhos enormes. Tá, mas e daí? Um pouquinho de sangue não faz mal... diz-se até que a magia mais forte é através do sangue. Aos infernos com o rosto ou com a voz. Eu queria é tocá-La. E consegui. E aí eu me perdi de vez... porque pecar pouco é bobagem.

Me parece que houve um acordo entre anjos e demônios e ambos tocaram-Na. Ela possui as duas faces. Como se não bastasse esse mal, Ela ainda conseguiu destruir todas as defesas possíveis no meu mundo e assim ela tomou conta. Ora, é mais ou menos o que o Diabo fez na criação perfeita de Deus.

É um inferno isso aí!Uma flor diferente cresceu no meu jardim: ela é bonita, ela machuca, eu cuido dela... eu não tenho como arrancá-la. Todo esse caos foi gerado somente porque eu não contive a minha curiosidade. Mas se há algo que eu sei, é que vale a pena todo o inferno passado e que ainda está por vir, porque eu não tenho vocação pra santo... e nem gosto de santos.

Estaremos nós no inferno, mas estaremos nós. A minha flor, com seus espinhos
cravados em mim.

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