terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Les Fleurs du Mal

Após longa ausência,
Reergui-me, escavando
A terra acima de mim,
Abrindo espaço por
Entre sementes, vermes
E outros tantos corpos.

Tomei meus pulmões com
O ar morto e gritei,
Tornando-o tão vivo quanto
Eu mesmo estava. De tal
Maneira, removi o pó de
Meu corpo recém despertado.

Caminhei pela terra pútrida
E silenciosa do descanso eterno,
Seguindo o rufar de seu coração,
Penetrado pelo seu cheiro e
Inundado por sua voz suave.

Quando, ao longe, vi o reluzir
De seus olhos tão cheios de vida,
Senti-me como um dos Reis Magos
Guiados pela Estrela D'Alva.
Ao mesmo tempo, vi que Satã
Caminhava ao meu lado, com
Um sorriso de astúcia e
Soprando em meus ouvidos.

"Não é necessário tentar-me,
Príncipe Caído! Eu sou o próprio
Pecado e minha alma seria
Sua...se eu tivesse uma."

II

Pois eu vi que o tempo passara
E que tudo havia mudado muito.
O azul tornara-se mais azul e
O meu Jardim Selvagem havia
Aberto espaço para tantas
Flores do Mal... mas uma
Delas era mais notória,
Mais vistosa e mais perfumada.

Embriaguei-me com o seu perfume
E, hipnotizado, afaguei-a...
Perfurando minha carne com
Seus espinhos negros e vivos.

Não menos do que imediatamente,
Seu veneno penetrou meu corpo
Não-Morto e fê-lo padecer em dor.
Não menos do que imediatamente,
O sangue vazou-me pelos olhos.
Não menos do que repentinamente,
O sangue me escorreu pelos poros.

Apenas fechei os olhos e minha
Mente secular fervilhava, bem
Como o sangue roubado de de
Tantas vidas efêmeras.

Ouvi a risada retumbante em
Um dos túmulos e o Coral dos Mortos
Começou a cantar sua canção
De ódio, amor e lamúrias.
Minha boca balbuciou em
Um sussurro quase inaudível
"Não...parem de cantar! Silêncio!
 Deixem-me ouvir o nada!"

O Corvo de Poe escarneceu
"Nevermore!"

* Imagem retirada de http://foto-graphier-les.deviantart.com/art/les-fleurs-du-mal-201950842 *

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