segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Caged

Aquela cólica da menstruação que você tanto reclama, eu nunca vou sentir.
Os seios, que os homens tanto olham e as mulheres nunca se satisfazem com o que tem, não me pertencem.

As curvas, aquelas em que tantos homens se perdem, não existem em mim.
A delicadeza nos gestos é só uma maquiagem...como esta que uso neste rosto, para fazer um rosto falso que é o meu verdadeiro rosto.

O seu pescoço, no qual tantos homens se perdem aos beijos e de onde inalam o perfume adocicado - "Você está tão cheirosa..." - não há em mim. Mas há aquele nó abominável que torna a minha voz suave, em um urro de um ogro selado em um corpo abominável.

Enquanto buscam o bisturi para retirar gordura, aumentar seios e tudo mais o que é cabível, eu gostaria de um bisturi que rasgasse este corpo ao meio, para que a mulher aqui presa pudesse sair. Sair do alto do seu salto alto, batom vermelho, cabelo brilhante e um conjunto de acessórios finos.

Mas o que me cabe é colocar uma peruca, passar um batom, maquiar este rosto para esconder o que eu NÃO sou... engolir este nó na minha garganta e fingir que está tudo bem.

Você se olha no espelho e se acha gorda demais, magra demais, branca demais, negra demais. Eu me olho no espelho e me pergunto: "Quem diabos é esse cara?"
Olho novamente e me pergunto: "E aí, viado? Pronto pra encarar todo mundo te olhando?

* Imagem retirada de https://www.facebook.com/photo.php?fbid=570277899714996&set=a.104692152940242.7046.100001983736035&type=1&theater *

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