Ao poente do Sol e o surgir da primeira estrela do céu, ele
saiu de casa. Os cabelos negros pareciam dançar, esvoaçando ao sabor da brisa
que permeava aquelas ruas tranquilas. Com as mãos nos bolos e com os passos lentos
e leves, caminhou seguindo o marulho que vinha de encontro ao seu rosto e que
ensurdecia levemente seus ouvidos.
Um sorriso discreto ao olhar para a concha brilhante envolta em nácar que carregava entre as mãos. Mirou o horizonte e seguiu em frente, como se algo o chamasse e ele não pudesse lutar contra aquele chamado. Mas não era algo forçado. Não. Aquele som ecoava dentro de sua alma.
Um sorriso discreto ao olhar para a concha brilhante envolta em nácar que carregava entre as mãos. Mirou o horizonte e seguiu em frente, como se algo o chamasse e ele não pudesse lutar contra aquele chamado. Mas não era algo forçado. Não. Aquele som ecoava dentro de sua alma.
A caminhada o levou à falésia rosada defronte ao vasto oceano
azul. Ali, naquela porção de terra beijada pelo mar, um banco levemente
devorado pela maresia se tornou o seu
leito de repouso. Ali, à beira daquele muro natural lavado pela água e pelo
sal, ele fez o seu santuário. E era ali, naquele fragmento de paraíso, que eu o
encontrei.
Sentei-me ao seu lado e ele me olhou por um instante. Os olhos escuros e o olhar vago sobrepujavam qualquer beleza física ao seu redor. O olhar perdido, sempre perscrutando a vastidão, procurava por algo grandiosamente ínfimo...talvez invisível. O azul do mar parecia preencher, de alguma forma, o seu íntimo e exatamente naquele instante – em meio à sinfonia das ondas e da beleza do reino das sereias – seu olhar perscrutador se tornou quieto. Quieto como o mar pode ser quando banhado pela Lua.
Minha presença se esvaiu diante da imensidão do mar. Ele, com o olhar tranquilo, indiferente, perscrutador, parecia vislumbrar o que procurava. Ele pousou o queixo entre as mãos. Um novo sorriso tímido se abriu. O vento soprou leve e o acarinhou no rosto, ajeitando-lhe os cabelos negros. Naquele instante, eu almejei ser o vento e poder tocar-lhe o rosto. Naquele instante, eu almejei ser o mar e poder ser o objeto admirado por aquele belíssimo olhar.
Naquele instante, meus braços se abriram, meu olhar se perdeu e a minha boca quis tocá-lo...mas ele deseja somente o mar.
* Imagem retirada de http://mr-tobi.deviantart.com/art/Rise-and-Fall-192797472 *
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Mostre sua alma!