segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Proibido


Às vezes eu gostaria de vazar meus olhos.
Atravessar-lhes com meus dedos para
Ser tomado pela escuridão plena...
Como se eu fechasse as pálpebras da alma.

Só eu sei a dor que a beleza me causa
Ver um belo rosto ou um belo corpo.
Tudo isso pode me torturar facilmente...
Principalmente quando beleza física
Vem acompanhada de um belo espírito.

Só eu sei o quanto o cheiro e
Os traços delicados fazem com
Que meu alter-ego sobrepuje o
Meu ego tão grande e firme.

Minhas presas crescem,
Meu olhar se torna fixo,
Minhas mãos apertam o vazio
Minha boca sussurra palavras ao vento,
Meus músculos se enrijecem...
Quase como uma fera que se prepara
Para atacar uma presa quase indefesa.

Meu ego é suprimido, meu alterego se mostra.
Orgulhoso, grande, imponente, esnobe...
Adjetivos cobertos por uma máscara de bondade.

Então o alterego entra
Pela janela, invade os sonhos
Daquele a quem deseja possuir.
Tira-lhe as vestes e, assim,
Pega o que lhe é de direito
[Ou o que crê lhe ser de direito]

Tudo isso é meramente desejo.
Desejo de ter, de satisfazer,
De amar, de experimentar,
De acariciar, de beijar...

Entretanto, tudo isso é sentimento proibido.
Não toque, não beije, não devore, não deseje, não olhe!
Tudo isso está proibido para nós e o preço pela
Desobediência desta ordem, é a dor e a solidão.

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