sábado, 2 de junho de 2012

A Hora mais Sombrosa


A Hora mais Sombrosa é também a mais Sombria


Algumas horas me caracterizam, me significam.
Mas como consequência me levam ao ápice da confusão.
Quando penso que mal posso esperar por elas,
lembro de não estar preparado para nenhum instante de sombras.

As onze em ponto termina o foco Acetum
Eles se retiram de seus esconderijos e apagam as luzes
Retiram as velas no jardim, assopram cada fogo aceso
Os lampiões descansam, para dar espaço a outros

Está tão silencioso quanto o vácuo
Enquanto as estrelas prestam atenção
No som da transponibilidade dos elementos
Em toda involuntariedade corruptora do silêncio

O depósito lotou e levou tinta a secar
Trocaram as chaves, endereço e o acesso
se restringiu, naturalmente. E lá se assombrou.

Um certo bando negro
abandonou o alto dos crucifixos
quando notou o relógio a funcionar novamente.
Abandonaram o Lácio e se foram
ao tom sépia de viver, ao tom sépia de ver
ao tom sépia de escapar.

O assombrado acordou cedo
Das doze às três estava livre e seguro
Das três adiante, foi temer o inexistente
Temer a confusão hora mais sombrosa
Como uma criança teme o bicho-papão

Ecos da flauta que ondam a se espalhar
Batuques ocos, intermináveis ao ritmo do sobreviver
Tom eterno e exaustivamente composto
Para tocar na hora mais mais sombrosa

Gloriosa, honrosa hora sombrosa
Há em mim do que a teme
Do que a necessita, que a procura,
do que a deseja, almeja e sente mais do que falta

E o assombrado, o bando e o depósito
não transitam mais por acorde algum
Até que desaparecem após as três em ponto
quando toda confusão se torna fotos amareladas

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