quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Queen



Muita coisa aconteceu nestes últimos tempos. Antinko, família de vampiros, os deuses, a viagem astral, Miguel. Ah, Miguel... estive com ele há alguns dias, nestas noites quentes feito o inferno. Eu o desejava muito por querer relaxar meu corpo e a minha mente. Como de costume, planejei entrar pela janela e o teria para mim ainda que ele próprio não concordasse... eu daria um jeito. Miguel, creio eu, estava com saudades porque ele me esperava sentado na janela, olhando para a Lua. A luz prateada que o banhava, dava um brilho especial ao seu corpo branco. Ah, Miguel estava especialmente lindo! Era como se aquela luz fosse a mesma luz que banha os anjos de nosso senhor, dando-lhes a beleza que lhes é características.

Escalei a parede pelo lado de fora, subindo lentamente até alcançar o beiral onde estava Miguel. Dei um beijo tão suave em seus pés que ele, perdido no brilho da Lua, não percebeu. Então me ergui mais ainda, até que nossos olhos se cruzassem e se demorassem um no outro. Logo percebi que seus olhos marejaram e que ele abriu um sorriso disfarçado, como se não quisesse admitir que estava feliz com a minha presença. Ele conseguiu me amar muito rápido e eu retribuo isso à minha maneira... aprendi a não ser sempre bestial, apesar de amar ser assim.

Naquela noite, foi tudo muito suave... talvez romântico e eu não quis beber seu sangue, apesar de Miguel oferecê-lo a mim. Enquanto estávamos deitados, percebi que ele tinha a mania de passar a ponta dos dedos pelo cabelo. Achei encantador! Ele pareceu ainda mais angelical e mais frágil quando fez isso. A aurora se aproximava e eu precisava me despedir.

- Miguel, espere sempre por mim! Nós nos pertencemos um ao outro. - passei a mão pelo seu rosto macio, enquanto as lágrimas começaram a rolar por suas bochechas.
- Você não pertence a mim, mas eu já lhe pertenço e assim será enquanto eu for digno disso. - ele beijou a minha mão, como se eu fosse o seu senhor e ele um mero vassalo.
- Se precisar, meu anjo, chame por mim e eu virei. Basta que deseje a minha presença. - Lhe dei um beijo rápido nos lábios e coloquei na cama, fazendo-o relaxar através de meus poderes telepáticos. Puxei o lençol vermelho até a sua cintura, cobrindo o que somente eu posso ver e deixando descoberto o seu torso que reluzia à luz da Lua. Afaguei seus cabelos até que Miguel encontrasse o sono e assim saí pela janela.

Voltei a falar do Miguel em breve, mas antes preciso narrar um fato que me irritou... e me irritou profundamente. Em uma das ruas em que andava, vi passar uma linda mulher de pele morena, grandes olhos negros e cabelos da mesma cor, com a boca belíssima embelezada com um batom vermelho. Nos olhamos ao mesmo tempo e sinto como se ela tivesse me compreendido e eu compreendido à ela em questão de segundos. Foi tão... anormal... até mesmo para mim. Ela sorriu simpaticamente e eu retribui o sorriso, extremamente falso, mas aparentemente sincero. Hmm... devo dizer que ela não me pareceu ameaçadora, mas não gostei da sensação de plena compreensão mútua que tive. Bem, ela é linda e certamente pode colocar qualquer homem desta terra sob os seus pés. Continuei seguindo a rua, rumo à um bar para poder beber, se é que me entendem. Antes que eu chegasse ao lugar em que pretendia, pude ouvir Miguel me chamando, com algum desespero. Toda a velocidade que me é permitida foi usada para entrar pela janela que havia entrado dias atrás.

Entrei no quarto de uma forma nada sutil, rasgando a cortida e derrubando um pequeno aquário próximo à janela. Logo que olhei para Miguel, vi aquela mulher morena sobre ele, tentando cravar-lhe os dentes e ele lutando inutilmente para afastá-la. Ela estava trajando roupas e acessórios...cerimoniais, como se fosse uma rainha. Seu corpo estava todo arranhado e cortado.

- Quem é você? Como ousa encostar em Miguel? E que roupas ridículas são essas?- eu avancei sobre ela rapidamente e com um movimento, quase arranquei seu braço, mas ela conseguiu se soltar a tempo de salvar o membro.
- Nossa, tem alguém bem nervoso aqui! É o traje que uso quando vou sacrificar alguém. Uso-os desde a antiguidade.
- É melhor você sair daqui antes que eu acabe com você e com seu traje cerimonial, arrancando cada membrodo seu corpo lentamente! Diga-me o seu nome, para que eu saiba, caso você tome a decisão errada.
- Pode me chamar apenas de Queen e peço perdão por ter tentado beber de uma fonte que exclusivamente sua. Qual o seu nome?
- Maxim. É melhor você gravar este nome e este vampiro, porque ele pode ser a coisa mais aterrorizante que seus olhos poderão testemunhar durante milênios.
- Monsieur Maxim, não me entenda mal, mas eu não poderia imaginar que este garoto lhe pertencia. Não percebi que era um vampiro quando nos vimos na rua. Creio que também não percebeu que eu era, apesar de ambos termos sentido algo estranho um no outro. Este garoto faz bem o tipo de vítima que eu adoro caçar. Eu o vi na rua e o segui até aqui. Novamente, peço perdão.
- Minha mente anda ocupada e realmente não percebi que era uma vampira... mas não preciso do seu perdão. Preciso do seu sangue para fechar as feridas no corpo do Miguel.
- Miguel... nome de anjo... você também adora anjos, não é? Mas não lhe darei meu sangue. Vou deixá-los a vontade. Adeus!
- Não tente fugir! - eu a agarrei pelos longos cabelos e a puxei para perto de mim, segurando seu corpo contra o meu - Seu sangue me é necessário e eu vou tê-lo!

Abri um corte em seu pescoço e o despejei sobre as feridas de Miguel, que chorava com as dores que sentia. Quase que imediatamente elas se fecharam e a dor parece ter cessado. Queen perdeu a coloração humana que tinha antes e agora sim era notoriamente uma vampira.

- Obrigado pelo seu sangue, minha rainha! - Acham que eu perderia a oportunidade de debochar? - Mas tenha a ciência de que aqui você é uma rainha sem poderes. Este... reino é meu!
- Não precisava ter feito isso. Eu não sou sua inimiga!
- Certamente não precisava, mas eu quis fazer. Que bom que optou por não me enfrentar. Seria um desperdício matar

alguém como você. Nós manteremos o respeito um pelo outro, mas não ataque o que é meu, entendido?
- Desde que você também não ataque o que é meu, nós teremos um acordo.
- Ótimo! Agora vá embora! - Eu agarrei seu corpo e atirei pela janela. Ela aterrisou no chão, saindo em velocidade pela rua.

- Você veio! - ele sorriu, feliz.
- Eu disse que viria. Eu disse que o protegeria...

Deixo claro aqui que somente a ataquei por tê-la visto sobre Miguel, mas não a odeio. Espero vê-la novamente em outras ocasiões.

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