sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Espelho



Eu encontrei outros vampiros... muito poderosos por sinal. Devem ter sido uma família humana pois noto uma semelhança física entre eles e todos são tão belos que faria inveja em meio mundo. Foram perfeitamente esculpidos pela genética e aperfeiçoados pelo dom negro. A mais antiga, Danielle, uma mulher de longos cabelos negros e cachos perfeitos, um rosto sereno e uma sensualidade óbvia... algo bem característico dos latinos. A outra, muito parecida com a mãe, se assim posso dizer, com os mesmos cabelos negros, a boca carnuda e a voz limpa de sotaque diferente... tão agradável a sua voz. Seu nome é Rose. Nome bem escolhido pois a garota é muito bela, mas tem lá os seus espinhos. E há também o mais novo deles - ou mais antigo, não sei ao certo - que é um garoto de beleza grega e rara, com os cabelos lisos caindo no rosto, a boca fina e o olhar vivaz. Criei um laço especial com todos e saberão ao decorrer desta narrativa.

Acordei logo que a primeira estrela brilhou no céu e estava meio confuso, carregado com uma fúria incomum até para mim mesmo... além da fome que me impeliu a sair para caçar. Nestas ruas cheias não é difícil de se encontrar uma boa refeição, daquelas bem bonitas e com o sangue de sabor inigualável. Normalmente são estas pessoas que me agradam porém, desta vez, eu queria somente sangue. Qualquer que fosse ele e o corpo a que pertencesse. Vocês não entendem mas beber a beleza de uma pessoa é um prazer imensurável. Achei uma pele bronzeada, coberta por uma blusa semitransparente de algodão, uma saia jeans deixando as coxas à mostra e tênis da moda. Estava tão impaciente e descuidado que simplesmente passei por todo mundo como uma smombra, agarrei a linda mulher pela cintura e a pus contra a parede. Ali bebi o sangue com muita rapidez e uma gota escorreu pelo meu lábio. Fui com tanta sede que quebrei a coluna da mulher ao abraçá-la e fiquei tão furioso pela minha grosseria, que arranquei sua cabeça e a chutei para o alto. Qual o problema? Eu já tinha bebido o sangue. Não sei o motivo daquilo tudo. Somente fiz e não me arrependo. Foi bom enquanto eu senti suas coxas na minha perna, seu sangue pulsando e saber que ela sentiu meu membro tocá-la.

Continuei andando e me veio a sensação de que alguém me seguia. Aquilo aumentou a minha raiva ainda mais porque minha paciência para certas coisas é pífia. Odeio joguinhos quando eu sou o centro deles. Não podem brincar comigo... eu simplesmente destruo quem faz isso e esta pessoa que me seguia era uma delas.

- Que mau humor é esse, Maxim? Você está mais deprimente do que de costume. - olhei para o lado e lá estava Danielle, até então, uma desconhecida para mim.
- Quem é você? De onde diabos você veio e como sabe meu nome?
- Meus poderes já eram extensos e aumentaram ainda mais quando recebi a imortalidade. Minha telepatia faz você ser claro como a água. É triste ver você assim...
- Quem você pensa que é? Por que acha que me conhece?
- Maxim, Antinko, Miguel, mortes, teatros, Nikolas, egocentrismo, loucura, demônio. Essas palavras te dizem algo?
- Você escolheu um dia péssimo para aparecer e para vir falar comigo.
- Se lembra da mulher que você viu em seus sonhos? A mulher que possuiu Antinko?
- Você....
- Eu o conheço há muito tempo, Maxim e conheço todos os seus defeitos também. Conheço-o melhor do que você jamais vai conhecer a si próprio! - ela jogou a cabeça para trás e deu uma gargalhada sonora.
- Cala essa boca! - eu avancei para cima dela, pronto para separar a cabeça do resto do corpo.
- Sai daí, mãe - Rosa avisou, mas sem muito interesse - eu não tô com vontade de brigar hoje.

Segurei Danielle pelo pescoço, estrangulando-a aos poucos e vendo seus olhos impassíveis, tranquilos e até seguros. Isso me irritou ainda mais e eu passei a usar mais força ainda.

- Se fizer algo com ela, eu te mato! - o anjinho, Guilherme, surgiu atrás de mim, mostrando seus caninos pontiagudos. Mesmo com todo aquela raiva em seu rosto, ele permanecia muito bonito.
- Você e mais quantos, garoto? - Debochei, como era de costume e com um empurrão, joguei-o contra uma parede.
- JAMAIS TOQUE NOS MEUS FILHOS, MAXIM! - ela não modulou sua voz, que saiu aguda e diabólica. Agarrou minha mão e apertou-a, fraturando meu pulso. Assim fui forçado a soltar Danielle, Guilherme se ergueu e me derrubou - eu não tenho a menor idéia de como fez isso. Caí com as costas no chão e de olhos fechados. Desta vez, a fúria me impedia de me mover.
- Por que veio atrás de mim?
- Simplesmente porque queríamos conhecer mais um membro desta família antiga.
- Eu não tenho família, eu vivo sozinho! Deixem-me em paz, criaturas do inferno!
- Somos criaturas do inferno assim como você - disse Rosa.
- Deixa a mãe te ajudar, irmão - Guilherme disse com uma suavidade e uma honestidade que só caberia a uma criança.
- Irmão.... vocês querem que eu acredite nisso? Eu também acredito no Papai Noel e em Jesus Cristo! - eu me levantei, usando todo o meu sarcasmo.
- Idiota! - um tapa e ela me jogou no chão - Seu sarcasmo não funciona comigo e, se você continuar com ele, deixo você falando sozinho.
- Não ouse fazer isso, senão...
- Senão o que? Vai tentar me matar novamente - aquela maldita risada debochando de mim. Me levantei, pondo-me de joelhos como um cristão que se prostra diante de seu deus crucificado.
- Deixe o orgulho de lado, irmão - Guilherme se aproximou pelas minhas costas, passando seus braços infantis pelo meu pescoço, enlaçando-o.
- Deixe a mãe te ajudar. Ela gosta de você e vai te ajudar, assim como você nos ajudará - Rose me deu um beijo no rosto.
- Merda!Saiam de cima de mim! Parem de falar como se me conhecessem...vocês não me conhecem...eu...

Caí no chão, encolhido como um feto. O cheiro da umidade anunciava a chuva que estava por cair e as vozes pareceram sumir quando gotas de água começaram a tocar meu rosto. Como era possível que ela me conhecesse tão bem? Por que ela apareceu só agora? E aquelas duas crianças?

- A chuva está vermelha...!? Não...são minhas lágrimas, não é? Não acredito que estou chorando..
- Você está desprotegido, Maxim.
- Danielle...conte-me tudo.

Eu repousei minha cabeça em suas pernas, manchando sua calça de vermelho. Guilherme se sentou ao meu lado, segurando minha mão como se eu fosse a criança, não ele. Rose...bem, ela só olhava, como se quisesse tocar em mim mas algo a impedisse. Lembro-me de ter dito em alto e bom som, antes de uma letargia e uma... amnésia:

- Nada é mais assustador do que ver sua própria imagem refletida em um espelho, como todos os detalhes e com a nudez desvelada... não é, Dani?



Um comentário:

  1. Amei Matti, ainda mais pq ela tem o meu nome =) hahaha

    Bjnhussssss pra ti ^^

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