domingo, 25 de julho de 2010

Anjo e Demônio


"Ele foi se aproximando cada
vez mas de mim... Até que aconteceu.
O amargo e quente, mas ao mesmo
tempo lindo e suave beijo.
Um beijo de amor.
Um beijo de sangue."
[Extraído do livro "Atração", escrito por Math]


- Belas palavras! Você escreve muito bem!
- Quem é você? Ah...que falta de educação a minha...obrigado pelo elogio!
- Sou Maxim. Tenho o hábito de vir ao parque e sempre te vejo por aqui.
- Maxim? Nome diferente! É, eu venho aqui para escrever, porque lá em casa as coisas são ruins demais e aqui há paz.
- Família... as vezes acho que é mais seguro ter amigos, porque familiares se intrometem muito. Amigos de verdade são melhores do que qualquer familia.
- Começo a concordar com você, Maxim. Não aguento mais meus pais brigando entre eles e comigo também por causa de idiotices... nem sei por que eu estou te contando isso. Mal te conheço e já te incomodo com meus problemas.
- Não se preocupe...qual o seu nome?
- Ângelo, prazer!
- Não se preocupe, Ângelo. Se frequentamos o mesmo lugar, temos algo em comum e podemos nos tornar amigos.
- Já estamos aqui mesmo, né? De qualquer forma, é bom saber que você apreciou o que eu escrevi. Não recebo esse tipo de apoio dos meus pais, porque eles acham que é perda de tempo.
- Arte nunca é perda de tempo!

Maxim, apesar de tudo, apreciava arte de um modo geral e reconhecia um talento quando via um. Pela primeira vez em muito tempo, Maxim se interessou realmente por alguém. Aquele garoto era doce e sincero, apesar de toda a amargura e tristeza que Maxim podia sentir nele.

- Hmm...chuva...
- O que? Com essa noite abafada e esse calor, você me diz que vai chover?

Logo a chuva cai, molhando a grama e refrescando os dois.

- Eu te falei!
- Maxim, agora eu fiquei com medo de você hahahhahahah! Você é adivinho?
- Digamos que não sou um cara muito normal. - sorriso sarcástico
- Você é um lobisomem ou um vampiro? hahahahahahahaha!
- Por aí...
- Droga! Meus tênis vão ficar molhados e meus pais vão me matar. Não quero ir pra casa...não tô afim de apanhar de graça.
- Quer se hospedar na minha casa? Meu tio Nikolas é muito legal e não vai se importar.
- Tá doido? Eu mal te conheço. Não tenho coragem de aceitar o convite...tenho vergonha! Vou pra minha casa. Até mais!
- Até mais! Provavelmente nos encontraremos aqui novamente.

No outro dia, novamente se encontram. Ângelo, cheio de hematomas e os olhos baixos de tanta vergonha e humilhação. O coração morto de Maxim, bate por um instante, demonstrando o pouco de sentimento e humanidade que lhe resta.

- Quem fez isso com você?
- Quem você acha, Maxim? Acho que eu sou um problema para eles. Por que eu fui nascer?
- Pára de se lamentar! Um dia você vai poder mudar isso...talvez eu mude isso. - Maxim pensa em atrocidades
- O que você poderia fazer? Matá-los?
- Não duvide disso. Mas eu prefiro fazer companhia a você. Escreveu outro texto, pelo que vejo.
- Pois é! Ninguém é produtivo quando está alegre. Pelo menos consigo converter a minha tristeza em algo útil.
- Maturidade, inocência e amargura são coisas que não se misturam. Como você carrega isso tudo?
- Não sei...acho que é por causa da minha vida né? -um sorriso de quem tenta acreditar que está feliz.
- Não tenho idéia, mas vamos dar umas voltas e conversar bastante. Vai te deixar melhor.
- É...em tão pouco tempo você conseguiu fazer muito bem para mim. Agradeço por isso.
- Isso tem um preço, Ângelo: vai ter que escrever um poema em minha homenagem!
- hahahahah Tudo bem!

Com o tempo, Maxim e Ângelo se tornam muito amigos. Maxim gostava mesmo do amigo e tentava protegê-lo, ao contrário do que faria normalmente. Todos os dias Maxim repete o mesmo convite e o amigo recusa.

- Esse parque é muito bom pra mim, Max. Aqui eu tenho toda a paz que eu preciso pra escrever.
- Um dia você escreve uma letra pra uma música que compus?
- Com certeza! Mas agora tenho que ir pra casa porque está tarde.
- Vamos dormir lá em casa?
- Maxim...eu não sei...
- Então você prefere ir pra sua casa e apanhar? Além disso, essa chuva pode te fazer mal, porque você está com o corpo quente e a chuva está muito fria - Maxim acerta logo na ferida, desarmando seu novo amigo.
- Ah, obrigado, Maxim. Eu aceito!
- Finalmente!

Os dois chegam à casa de Maxim, em um bairro bem tranquilo e bonito.

- Que casa grande!
- É...a casa é grande porque meu tio herdou bens de nossos parentes do leste-europeu. Nossa família era relativamente importante lá.
- Por isso você tem traços finos, bem característicos de um europeu, Mylord hahahahahaahh!
- Bobo! Lá no meu quarto tem um banheiro. Você pode usá-lo.

Ambos sobem as escadas, passando por Nikolas, o "tio" de Maxim.

- Quem é seu novo amigo, Maxim? - maldade nos olhos de Nikolas
- Nos conhecemos na praça, tio. Ele pode dormir aqui?
- Claro que pode! Mas você avisou para ele dos perigos desta casa?
- ha ha! Muito engraçado, tio
- Não encoste um dedo nele, Nikolas! Posso trazer sérios problemas para você e sabe disso, mesmo que você me destrua. - Maxim avisa telepaticamente.
- hmm....parece que alguém aqui se apaixonou! - Responde Nikolas.

Ao chegarem no quarto, Ângelo se surpreende com a beleza e o bom gosto da decoração. Maxim, com toda a sua crueldade e frieza, estava realmente gostando daquele simples humano, tão honesto e tão frágil.

- Vou tomar meu banho, Ângelo, pode ficar à vontade no meu quarto. Tem coisas para você se distrair.

Após algum tempo, Maxim sai do banho e fica na porta, ouvindo sua composição tocando e Ângelo tentando fazer a letra.

- Já tomou banho!? Banho de gato hahhaahahaha!
- Você que tá ai, distraído. A água tá muito boa!
- Nossa, você é muito pálido, Maxim! Parece um vampiro hahahahahahahahahah!
- Qualquer dia eu te dou umas mordidas. - um sorriso caracteristicamente sinistro
- Sai daí que agora é a minha vez!
- Para alguém que se dizia tímido, você me parece bem à vontade hahahahah!

Maxim se deita e fica olhando para o teto, pensando em mil coisas e em como aquele garoto o deixara fraco. Sentia a tentação de mordê-lo e provar o seu sangue.

- Finalmente saiu do banho! Achei que tivesse descido pelo ralo.
- Isso tudo é vontade de me ver só de toalha, Maxim?
- Pretensioso!
- Vira para lá, Max! Vou trocar de roupa e tô com vergonha.
- Até parece...
- hahahahahahahaha

Ângelo se vira de costas, para pegar as roupas e Maxim, com sua agilidade sobrenatural, dá um salto e agarra o amigo.

- O que você tá fazendo, cara?!
- Uma coisa que sempre quis, mas que não fiz porque você me deixou fraco, desarmado. Maldito seja! Como se não bastasse o corpo perfeito, você tinha que ser tão bom, tão inocente?
- Vá em frente, Max! Não é a primeira vez que fico com um garoto.
- Você não entendeu, Ângelo. Eu quero seu sangue e não o seu corpo.

Então Ângelo vira-se e encara o amigo, que mais parece um Inccubus. Os dentes reluzindo e os olhos brilhando, ávidos.

- Um vampiro?!
- Sim e quer queira, quer não, seu sangue será meu!
- Ironia... a maior das minhas paixões, que me parecia platônica, estava bem na minha frente...um vampiro.
- Tive a impressão de que ficou feliz...realmente feliz.
- Você é melhor do que qualquer pessoa que conheci. Uma morte com você, seria melhor do que qualquer vida que eu pudesse ter. Você realmente me ama, de alguma forma.

Maxim, então, bebe o fluido vital.

-"Ele foi se aproximando cada vez mas de mim... Até que aconteceu. O amargo e quente, mas ao mesmo tempo lindo e suave beijo. Um beijo de amor. Um beijo de sangue." Parece que desta vez eu adivinhei o futuro, Max. - E os olhos de Ângelo se fecham ao mesmo tempo que o corpo se contorce em dor.
- Apesar de toda a sua tristeza e amargura, seu sangue é doce...

Ângelo se ergue, com sua pele pálida, um sorriso de triunfo (talvez por ter a chance de ter uma "vida") e os olhos em um tom de rosa. Maxim, ajoelhado, chora como se tivesse cometido um ato hediondo. Ele chora como se seu ato tivesse provocado a morte de um anjo... Maxim sente culpa, pela primeira vez em toda a sua existência.

*Math, obrigado por me deixar usar um fragmento do texto do seu livro*

2 comentários:

  1. Lindo seu blog,visita?
    http://nuvem-de-amor.blogspot.com/
    bjos

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  2. uauuu eu adooreiii. cacara eu num conseguia parar de ler, ate chegar no final. Muitoo d maiis! Parabéns! *-*

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