Quando o Spleen é atemporal
E as Flores do Mal brotam
No jardim do Eremita que
Nada faz, nada evita,
Põe-se de joelhos o homem.
Reza-se à Satanás que lhe
Forneça, a qualquer custo, paz.
Aparece o Príncipe, em um pulo
E repleto de soberba e astúcia
Declama, com voz ressonante:
"Jaz aqui a tua paz!
Tome-a e cave sua cova,
Pois seu corpo à Gaia pertence
Mas sua alma perene e indolente
Me é de direito e faz-me contente."
Então o homem cava a sua cova -
À despeito de toda a imundície-
E nela deita como fora seu leito,
Esperando um alento para seu peito.
Jaz ali um mortal inerte e frio,
Como Eurídice no Hades,
Posto que a vida, ainda que pulsante,
Não mais lhe apraz: amou uma moça e um rapaz.
Deles colheu somente asco,
Algo ácido como damasco.
* Imagem retirada de http://www.deviantart.com/art/la-fleur-du-mal-398710711 *
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