Muito boa noite, meus amigos que se mantém despertos sob a luz da Lua que jaz lá no alto. Não vim para falar de Lenora e tampouco para atormentar-lhes a alma, a mente ou ainda para atacar alguma carcaça jogada ao chão... pelo menos, não agora. Vim para trazer os versos de um mortal que viveu em épocas turbulentas e que, mesmo portando a espada e usando a força, aprendeu as lições da vida.
Eis que o céu torna-se negro,
Tomado por nuvens cinzentas e
Estrondos e luzes apavorantes.
O vento torna-se frio e parece
Rasgar a carne frágil de seu corpo.
Desejas cerrar os olhos, cegá-los
Para não ver a tormenta chegar.
Desejas ensurdecer os ouvidos para
Que não percebas os gritos do céu.
Desejas emudecer a boca para que
Esta não delate que és frágil humano.
Tão frágil quanto as asas de uma borboleta.
Então deixa-te cair sobre os joelhos
E sobre ele arrasta-te até que a pele
Torne-se carne viva e pulsante.
"Eu sou só um mortal!"
Assim vem O Desespero,
Montado em seu cavalo
Pútrido, e lhe toca o peito,
Colocando-te prostrado no solo.
Em seguida, vem A Aflição,
Montada em seu cavalo de fuligem,
E lhe toca o peito, fazendo-te
Sufocar-se com o ar ainda puro.
Logo vem O Medo, em seu cavalo
De luz brilhante, e lhe toca o peito,
Fazendo-te cego na sua caminhada
Que jamais cessará.
Por fim, vem A Agonia, em sua serpente
Monstruosa e lhe toca o peito, fazendo-te
Sentir-se constringido e restrito.
Deste modo, seu corpo cai sobre a relva ocre,
Quase tão morta como tu e talvez o fiapo de
De esperança que lhe resta, parece tão ínfimo
Ante as suas dores, que passas a ignorá-la como
Se ignora o fogo de uma vela - ainda que este
Seja o mesmo fogo que incendeia.
Passam-se mil coisas em sua mente
E olhas para o céu vasto. Sente-se e
Apercebe-se de sua pequenez diante
Da magnitude do cosmos e de tudo
O que nele há e ainda haverá.
Não te aflijas ainda mais! É tão
Somente a Roda da Vida mostrando-se
Presente e eternamente girando para todos.
Ela mostra-se de todas as formas, quer
Belas e plácidas, quer feias e tempestuosas.
Logo que sua alma aquieta-se, tocada
Por uma réstia de luz vinda do mesmo
Céu cinzento e atormentado, seus olhos
Voltam a ver e sua mente torna-se limpa.
É a Roda da Vida mostrando sua bela face.
Desta maneira, ergue-te sobre os mesmos
Joelhos esfolados e cansados. Novamente
Pegas a espada e segue em frente, decepando
Tudo o que lhe é imposto como obstáculo.
Em seu coração e alma, pulsam a sua família,
Seus amores e sua própria vida. Isto é a
Força interior, fazendo-te continuar.
Logo tu te recordas de que não há
Vitória sem sangue ou lágrimas...
Fluidos que fazem-te recordar de sua
Mortalidade e dão-te uma amostra de
Que em sua mortalidade, habita a
Centelha divina, imortal e poderosa.
Antes que te perca em meio às batalhas,
Lembra-te de que só conhecerás a paz,
Após conhecer a medonha face da turbulência.
Lembra-te de que só conhecerás a beleza da vida,
Após esta mesma vida mostrar sua face desfigurada.
Lembra-te da inexistência do maniqueísmo e que
Neste universo há que se conhecer e dominar
As trevas para que se possa apreciar a luz...
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