segunda-feira, 4 de julho de 2011
O Último Beijo
Narro aqui mais um fato ocorrido em minha vida...ou minha morte, como queiram. Estava decidido a matar Antinko, o meu Antinko, mas fraquejei por várias vezes porque eu ainda o amo. Claro que eu amo mais a mim mesmo, mas so quem já esteve em uma situação dessas sabe do que falo.
Em uma noite qualquer - minha percepção de tempo se restringe ao dia e à noite, já que sou imortal. As semanas são irrelevantes - que, por sinal, estava quente e úmida, resolvi sair pelas ruas. Andar a esmo sempre me trouxe boas coisas, inclusive meu amado Antinko. Vesti minha camisa vermelha de algodão, minha calça jeans e pus meu par de all-star clássico. Um humano normal.
- Está saindo, Max?
- E é da sua conta, por acaso?
- Eu não sei por que eu ainda pergunto...
- Por que você me ama e não consegue viver sem mim.
- Pretensão sua...
- Não sei quando voltarei.
- E quem vai dormir comigo? Quem vai me dizer as coisas que eu gosto de ouvir? Como farei sem você?
- Humpf...e era pretensão minha, não? A propósito, essa camisa branca e esses jeans justos caem muito bem para você! Pena que ela esconde aquela linha que desce do seu umbigo até...bem...
- Você não muda.
- Sabe, do jeito que você está aí, vestido mas descalço, eu quase desisto de sair só para te fazer feliz.
- Vai embora logo, Max!
- É claro que vou! Não sou eu quem vai ficar entediado e sozinho mesmo. - Eu dei de ombros e saí pela janela do quarto mesmo, pousando no chão sem levantar um grão de poeira que fosse.
Talvez eu não tenha mencionado em outro manuscrito, mas eu odeio lugares apinhados de gente. Não há nada que me incomode mais do que um monte de gente amontoada e falando alto, esbarrando umas nas outras. Aaarrgh! Isso afeta meus ouvidos, meus olhos e meu corpo...me deixa acuado e irritado. Por isso sempre que saio, prefiro caminhar por ruas calmas ou pelos parques. As árvores e os animais não são incovenientes como as pessoas. Divaguei...normal. Como dizia, saí andando pelas ruas tranquilas, olhando os mortais que passeavam despreocupados, percebendo alguns marginais que espreitavam em meio aos bons cidadãos. A noite havia só começado e eu encontrei um lindíssimo garoto de pele morena, com grandes olhos negro, os lábios voluptuosos e seu queixo possuía uma covinha. Muito charmoso, apesar do ar inocente. Claro que eu não perdi a chance de seduzí-lo e logo comecei a conversar com aquele pequeno querbubin de pele bronzeada. Ele tinha o sorriso magnífico, mesmo usando aparelho ortodôntico e suas mãos de dedos curtos e finos...ah, que encanto. Quase o mordi ali mesmo, aproximando-me de seu rosto. Percebi que quando me aproximei, sua respiração ficou ofegante e seu rosto se permeou profusamente de sangue vivo. Não me contive! Dei uma risada leve, talvez doce e lhe beijei os lábios macios, enfiando a minha língua na sua boca - e não houve objeção da sua parte- colocando novamente o gorro na sua cabeça, dando-lhe as costas em seguida. Penetrei em sua mente e pude perceber que ele se doaria para mim ali mesmo. Mas eu não o transformei porque o garoto era idiotinha e irritante. Posteriormente talvez eu o levaria à eternidade.
Nesta caminhada encontrei vários tipos de pessoas, belezas, genialidades e comportamentos, desde o mais infantil ao mais maduro. Cada qual com a sua sensualidade específica. Porém tudo isso só me fez perceber o quanto Antinko realmente era inestimável para mim, em vez de despertar me despertar novos desejos. Voltei para casa antes do dia amanhecer e encontrei Antinko se preparando para dormir.
- Você voltou rápido.
- Sim, algum problema?
- Nenhum. Eu, na verdade, gostei da idéia. Odeio dormir sem você me abraçando.
- Aaaah.... que bonitinho, meu anjo! - disse com sarcasmo.
- Vem comigo, Max! Tenho que trocar de roupa. Me ajuda?
- Ajudo, meu anjo. Ajudo. - Despi-lhe de sua camisa e vi o torso que tanto adoro. Pela primeira vez, percebi como adorava ver as clavículas se encontrando em seu peito...ah...perfeito. Percebam, vocês, garotos e garotas, que homens ficam perfeitos quando são relativamente magros e esse detalhe se torna perceptível. É sexy! Não tirei suas calças e ele me pareceu espantado, mas não contestou e se deitou na cama, indo eu logo em seguida. Deitamos abraçados e eu comecei a pensar no que faria e no que sentia...acho que não me importava com o fato de estar deitado com Antinko. Adormeci.
Na noite seguinte, acordei logo que a brisa noturna envolveu a casa e as primeiras estrelas cintilaram no céu.
- Antinko! Antinko, meu anjo, acorda! - sussurrei no seu ouvido, beijando-lhe o pescoço.
- Hmmm... você acordou animadinho, é?
- Digamos que sim... e você não seja tão irônico porque sei que, despertando você assim, a felicidade se espalha pelo seu corpo de mármores. Odeio quando você fala assim comigo!
- Não fica nervoso, diabinho. Sabe que eu te amo! - Ele beijou meu peito. Suspirei de forma surpreendente humana. - Você não bebeu sangue a noite passada, não é? Seu corpo está diferente, posso perceber.
- Eu não encontrei alguém que valesse a pena. As vezes desejo que Ângelo volte, para que eu beba dele... - disse, provocando-o.
- Por isso não, Max. Eu estou aqui. Eu sou Ângelo...melhorado, mas ainda sou Ângelo. - Acho que nesta hora eu sorri. Antinko se oferencendo a mim! Isso era perfeito!
Meus caros e infelizes mortais, apresento-lhes agora Maxim, O gênio! A seguir lhes contarei o que se passou logo após Antinko se oferecer a mim daquela forma tão... inocente...é...inocente.
- Meu anjo, vamos caçar. Sua pele não está como eu gosto.
- Ela continua branca.
- Mas eu adoro o tom rosado que ela adquire quando você está alimentado. As pontas dos dedos, a sua boca, suas ancas... tudo isso tem que estar perfeito para mim!
- Você ainda consegue me assustar, sabia?
- Então corra de medo! Fuja de mim e eu vou atrás e eu o alcançarei...sabe disso.
- Bobo! - ele sorriu. Antinko se alimentou e voltamos para casa, ele com sua pele levemente corada e quente.
Paramos ali na sala acarpetada. Os carpetes felpudos eram um lugar que eu gostava de me sentar as vezes e assim fiz. Sentei-me e liguei a televisão, que transmitia um show de uma banda de rock. Uma vocalista pálida, com um sangue cenográfico escorrendo pelo corpo, enquanto dançava com outra mulher. Ah...extremamente perfeito! Eu daria um jeito nas duas... bem, mas isso não é o mais importante. Logo que me sentei, Antinko veio e se sentou entre as minhas pernas, apoiando-se em mim. Sua cabeça pendeu para trás, recostando em meu ombro esquerdo. Ele estava só de bermuda e eu enlouqueci vendo seus pés perfeitos. Beijei sua bochecha e sussurrei ao seu ouvido "eu te amo". Meus caros, eu posso convencer um esquimó de que ele reside no deserto do Saara.
- Antinko, eu adoro quando você se alimenta porque você quase volta às origens...
- Ahn?
- Você quase volta a ser o Ângelo.
- Mas que inferno você com essa maldita história! O que há com você?
- Nada.... eu só... eu só te amo demais. Acho que começo a me arrepender do que fiz...
- Pois você fez o melhor para mim e ponto final. Te amo, seu demônio com crise de consciência. - Ele mordeu o meu lábio, como ele gosta que faço com ele.
- Esquece isso tudo. O importante é que você está aqui comigo e eu com você.
E então eu o envolvi em um abraço e fiz minha mão escorregar pelo seu umbigo, justamente sobre a linha que desce até o meio de suas pernas. E mordi a sua orelha, beijei seus lábios, mordendo-os com força. Antinko gemeu como se eu estivesse ativando toda a sensibilidade de seu corpo.
- É impressão minha ou hoje você acordou de bom humor, Max?
- O que é? Não gosta mais disso?
- Muito pelo contrário, mas... você me parece meio...ávido hoje.
- Você me conhece. Sabe que eu adoro fazer com que anjos caiam - dei um sorriso de canto, daqueles bem pervertidos.
- HAHAAHHAHAHAHAHHA! Você não presta!
- Definitivamente não, mas você adora isso em mim que eu sei. Até me parece que sou um modelo para você
- As vezes sim - ele pôs suas mãos nas minhas. Ah, como suas mãos são macias! - Mas só quando quero alguém para me divertir. Quando é com você, sou o mesmo Antinko de sempre: completamente seu.
- Hoje você está doce demais, sabia? Se eu fosse mortal, estaria com problemas de glicose.
- Você é ridículo! AHAHAHAHAHAHAH!
- vamos parar com essa melação! Você vai tirar suas calças ou eu vou ter que rasgá-las?
- Hey, alguém está empolgadinho hoje! - Então ele se despiu, de costas para mim, revelando uma parte que lhe era perfeitamente feminina e novamente se sentou entre as minhas pernas.
Eu empurrei sua cabeça para o lado e avancei sobre o seu pescoço, enquanto minha mão continuava passeando pelo seu corpo quase humano. Eu o mordi e senti o sangue encher minha boca com aquele sabor inigualável.
- Ai! Calma, Max! Assim vai arrancar pedaço!
- Deixa de ser frouxo, garoto! Cala a boca porque eu sei que você tá adorando!
- Palhaço! - ele sorriu de canto. - Mais rápido com essa mão! Tem muito mais a explorar.
- Eu já conheço todo este território, meu amor. Se ajeite bem porque você vai sentir algo que nunca sentiu antes...
- Hmm...novidades é?
Foi então que eu mordi novamente o seu pescoço, sugando o sangue vorazmente, vendo Antinko empalidecer mais e mais.
- O que tá fazendo, Max? Eu vou secar
- HAHAHAHAHAHAHA!
- Me solta! - ele se debatia entre as minhas pernas mas nunca fora forte o suficiente para lutar comigo.
Cerrei meus braços, como uma cobra constringindo um roedor, e ouvia Antinko gemer, senti suas lágrimas pingando em meu braço. Sua pele foi secando, murchando, exatamente como uma flor que morre. Sua beleza foi esmaecendo...
- Max... por que você...
- Me cansei! Você quer ser igual a mim, mas só há um Maxim! Estou cansado de você! Você me faz mal!
- Max... - minhas lágrimas pingaram nele.
- Morra logo e pare de falar, mas que merda! - Lembro-me de ter os caninos em seu pescoço enquanto falava.
Logo ele se tornou um corpo seco, que eu depositei sobre a cama. Eu poderia ter colocado fogo no corpo e espalhado as cinzas, mas deste modo eu não teria a prova da minha maior obra.
Não faz sentido essa história, não é? Engano de vocês! Claro que faz! Eu simplesmente amo demais a mim mesmo. Além do mais, cansei daquele garoto! Vou procurar novas presas e me divertir de verdade. Eu o amei muito, mas me sentia preso... EU NÃO ADMITO FICAR PRESO A ALGUÉM! HAHAHHAAH... pelo menos me aproveitei dele até o último átomo do seu corpo vampírico. Beijei cada centímetro de pele e bebi cada gota de sangue...
Ah...que se dane para lá! Ele é instimável, mas não indispensável... ninguém tem valor eterno para mim...
Maxim
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MUTO BOM GUILHERME AKATSUKI
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