quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

III - Dança da Lua [Lua Nova]


- O que você é, Luan? Seus olhos, sua pele, sua forma de dançar, forma de tocar, de conversar...nem parece humano.

As ondas me incitaram a tocar novamente aquela mesma "Dança da Lua", agora eu havia percebido isso. Aquelas notas não vinham do meu interior para a flauta. Era a soma do mar com a Lua que me fazia tocar aquela harmônica música, soprando o ar pelo tubo amadeirado...eu nunca conseguia repetir o feito durante o dia. Bem, talvez fosse somente impressão minha de que o mar me fazia tocar aquelas notas...ele e a Lua definitivamente são a minha inspiração. Nem sei mais o que dizer ou o que pensar, mas fato é fato: eu não conseguia tocar aquela música durante o dia.

- Parece que algo o preocupa, meu amigo. - A voz tranquila e melodiosa sussurrou perto de mim.
- QUE SUSTO, LUAN! - gritei, meio irritado.
- Desculpe-me, Cloud. Eu faço essas coisas sem perceber, sem a intenção de assustar.
- Tudo bem, amigo - eu olhei a sinceridade em seus olhos- Foi uma reação natural hehe!
- É...creio que sim. É uma reação tipicamente humana.
- Você parece conhecer muito bem os humanos...e fala como se você não fosse um...[talvez não seja -pensei]
- Sim, conheço bem. Eu os observo há muito tempo e gosto cada vez menos deles.
- Eu não os conheço há muito tempo, mas não sou fã dos humanos também. Mas por quê você se sente assim?
- ...

Ele não respondeu e a luz das estrelas refratou nas lágrimas dos seus olhos azuis. Aquilo me cortou de alguma forma e eu chorei também...sem nem saber o motivo exato daquilo, mas acho que tínhamos alguma sintonia estranha e imediata.

- Perdão, Luan! Eu não quis provocar isso em você. - eu o abracei.
- Não é você. São os outros...
- Como assim?
- Um dia tudo lhe parecerá obvio. Toque a sua flauta, meu amigo! Toque que eu o acompanharei!
- Você vai dançar novamente? Achei aquela dança tão fantástica!
- Somente toque e vamos ver o que acontece, tudo bem?
- Tá bom...mas eu fiquei sem entender, pra variar.

Comecei a tocar "Dança da Lua" e Luan desta vez não tocou ou dançou, mas começou a cantar algo que eu não pude entender. Parecia ser um idioma diferente e suponho que seja o mesmo usado nas tatuagens. Só que aquilo não me importou porque conseguia sentir tudo...imagino que seja por causa daquela conexão.
Era uma música que dava um tom de esperança ou talvez uma soma de tristeza com alegria, que resultava em esperança.

- O céu hoje parece mais limpo e estrelado do que ontem. - ele interrompeu o canto- Veja, Cloud!
- [É verdade, Luan] - somente pensei, sem interromper a minha música.
- Tá tão bonito...acho que eu nunca tinha reparado como o céu é bonito aqui embaixo!

Surpreso, interrompi a música e me virei para olhar o Luan.

- LUAN? LUAN? A não! Outra vez? - gritei, mas rindo daquilo.

Quano olhei para o céu, a Lua apareceu por detrás das nuvens...uma Lua Nova, grande e brilhante.

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