segunda-feira, 10 de maio de 2010
I-Ruína
Às margens do Nilo, o Ar sopra, formando rastros de areia no céu.
Em meio à poeira, o Ar testemunha uma linda escultura de uma Rainha.
Os longos cabelos, as curvas do corpo, a boca delicada e sensual, o olhar penetrante...
Todos os dias, o Ar volta para ficar perto daquela escultura que tanto gosta... faz com que a água do Nilo respingue sobre aquela imagem e as gotículas brilham, como jóias da realeza.
Em sua alegria, o Ar se descuida, soprando mais do que devia
E a escultura se quebra.
Nesse instante, o Ar pára, se transformando em uma nuvem pesada,
Que se desfaz em chuva sobre a Rainha ruída.
Desde então, o Ar circula pelas pirâmides, entoando um canto triste,
Esperando ser perdoado por seu descuido.
O Ar condensa-se em orvalho e pousa sobre o corpo despedaçado da Rainha,
Para sentir-se próximo de quem tanto adora, esperando que aquelas gotas
Consigam fazer com que tudo volte ao que era antes
II- O Fim (?)
Um Sussurro e todo o encanto se quebra
Um sopro e a atmosfera se desfaz
Uma leve brisa e a mais bela das pirâmides,
ainda que colossal, desaba como se fosse de areia
Uma Ventania e a Rainha foge para longe
Como pode, o Ar, ser tão suave e tão grosseiro?
Pode a Rainha, com toda a sua majestade, sentir-se abalada
por um Vento repentino?
O Ar pára e, com ele, a música, a dança das dunas e seu coração.
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As vezes nem tudo está perdido, talvez possa haver conserto para isso ou talvez não.
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