sexta-feira, 29 de maio de 2020

Increado



Repousa ainda no inefável,
Nas águas primordiais onde 
Tudo o que não pode ser
Compreendido cintila como 
Cacos de estrelas que se partem,
Uma essência quase intangível.

Habita em mim ainda um ponto
De luz, que quase sempre emerge
Sob avatares de cheiros e sons e toques...
Quase como um exercício de imaginação
Que busca, num ato mágico, materializar
E "crear" como um Deus Menor seria capaz.

Por vezes essa luz torna-se não mais 
Que uma chama bruxuleante de uma 
Vela que insiste em não apagar-se, 
Apesar do vento que a açoita constantemente.

Por vezes essa luz é praticamente o Sol,
Resplandecendo neste pequeno e desimportante
Universo caótico e melancólico...
Mas o Sol também se põe.

O Deus Menor continua em busca 
Da alquimia do universo, quase um
Trabalho de Sísífo na tentativa de
Materializar o que lhe é caro.




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