sábado, 5 de dezembro de 2009

Endogênesis


Andros sente nascer algo dentro de si, algo desconhecido, algo que nunca havia sentido, pois sua metade está ocupada com uma flor. Uma rosa das mais belas.
Andros precisa dos abraços e olhares que trocavam. As lágrimas brotam dos olhos azuis - que mesmo tristes, ainda são belos - e caem pelo rosto perfeito, umedecendo os lábios rubros. Mas essas gotas, apesar de verdadeiras, não aliviam o peso do peito.

Enquanto a flor se torna mais bela a cada dia, Andros definha...os olhos sem brilho, rosto sem cor e boca sem rubor.
A rosa...flor maldita...que murche! - Andros deseja do fundo de sua alma, antes pura, agora maculada.

A metade reaparece. Instantaneamente as lágrimas cessam. Andros vê aquela rosa entre as mãos daquela pessoa que ama e sente vontade de morrer. Porém, a metade entrega a rosa para Andros:

- Se um dia eu lhe faltar, saiba que esta rosa carrega todo o meu amor e todo o meu desejo por você. Isto faz a beleza dela ser próxima da sua, mas não há no universo, criatura bela como você e nada me faz tão feliz quanto a sua presença!

Andros, então, leva a rosa ao rosto..as pétalas aveludadas e cor vermelho-sangue...sente o calor, o cheiro e a presença de quem quer ao seu lado. Neste instante, Andros cai de joelhos:

- Me desculpe! Desejei mal a esta flor, então desejei mal a você e aos seus sentimentos...

A metade toma Andros entre os braços, em um abraço reconfortante, aliviador, de perdão e de amor. Não trocam uma palavra! O ato fala por si só. Assim permanecem por muito tempo.
Ao se olharem, Andros derrama lágrimas brilhantes como estrelas e carregadas de alegria, por saber que aquela rosa é mais um elo e que sua metade nunca lhe esqueceu.

As cores retornam ao rosto divino de Andros e sua alma, é uma vez mais, pura.

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