quarta-feira, 1 de março de 2017

VIII - Sitra Ahra - Ethos de uma Alma Invertida


Eu vi, ao pé da Árvore,
O Cordeiro e o Bode
Digladiando-se ferozmente.
A Árvore estremeceu e uma
Maçã em minha mão desceu.

O Cordeiro chorou e o
Bode, velhaco, escarneceu.
"O problema aqui sou eu?"
Mordi a maçã e o céu fendeu.

Vi a espada flamejante de
Serafim queimar o véu
E o mundo esvaneceu.
A realidade sobre mim se abateu.

Fome, guerra, peste, perversão.
Com sofreguidão, interpelei:
- Oh, Cruz, o que aconteceu?

- Amado filho, você me 
Desobedeceu e o véu se rompeu.
Estás, miserável, fadado a caminhar
Ciente e envergonhado de que
Seu misericordioso pai
Foi, por ti, apunhalado.

Conheci a noite do Éden
E nele vi a volúpia do
Festim da carne, donde
Refestelavam-se anjos e homens.

No seio de Astuta Mulher
Me aninhei e de seus 
Segredos, amor e ira compartilhei.

Hoje o Éden está perdido,
O Grande Pai ofendido,
Um ganancioso Inimigo iludido
E a humanidade, nesta
Guerrinha infantil, a esmo,
Segue o seu tortuoso caminho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mostre sua alma!