segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Reles Mortal

Eu, que sou imortal e
Dotado de muitos defeitos,
Aproveito meus vícios
Dos quais sou senhor e
Também escravo, pois
A vida é muito curta
Para a abstenção de prazer
E muito longa para
Que eu queria estendê-la.

Eu, que sou imortal, passo
Por sobre a relva verde
Ornada de pequenas flores,
Ciente de que espinhos não
Me doem e de que o tão
Temido tempo é transponível.

Eu, que sou santo, deixo
Crescer em mim as flores do mal
Por saber que não sou santo e
As cultivo com amor e dedicação.

Eu, que não sou santo, não
Martirizo-me mais pelas flores
Do mal que em mim cresceram.
Au contraire, amo e admiro a
Cor negra e o cheiro selvagem
Que delas emana ferozmente.

Eu, que sou uma criatura
Pura, deito-me sob o teto
Cravejado de celestiais pedras,
Acompanhado pela luz vermelha
Do tabaco em minha boca...
Enquanto encaro o branco
Do seu corpo e o róseo
De seus detalhes belos.

Eu, que sou santo, vivo
Em pecado e perdoo-me
Eternamente por ser
Um reles mortal pecador.

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