domingo, 28 de dezembro de 2014

O Protetor

Não bastou, a mim, ver
Seu corpo despido de
Toda a pureza e pudor.

Ansiei despi-lo também
De sua morte iminente
Por puro egoísmo, pois
Para mim era inaceitável
Que seu rosto se perdesse
Nas camadas de terra.

Era inaceitável que sua
Luz fosse consumida por
Sete palmos de terra ou
Que sua beleza fosse
Tragada pelos vincos
Causados pelo tempo.

Como poderia eu,
Deixar que sua luz
Se apagasse lentamente,
Como uma vela que é
Consumida por sua própria
Chama trêmula e frágil?

Pois eu me alimentei de
Você tantas vezes sem
Ao menos tocá-lo, meu anjo.
Ainda que almejasse devorar
Sua alma, eu a preservei
Imaculada e carregando as
Imperfeições que lhes era
Inatas e inerentes.

É... eu me alimentei de
Sua imperfeição e raramente
Desejei consumir a sua perfeição.

Ah, mas jamais eu permitiria
Que alguém, além de mim,
Consumisse sua perfeição ou
Se encantasse por sua imperfeição.
Então eu o trouxe para a noite...
A noite inesgotável e chorei por
Tê-lo condenado a ultrapassar
Os limites do tempo mortal.

Eu o trouxe para mim,
Eu o atei a mim,
Eu o fiz beber de mim...

Eu protegi você ao consumi-lo.

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