segunda-feira, 3 de março de 2014

O Coral do Mortos

Jogado aqui, neste chão empoeirado, sob a Santa Cruz
Que lança sua sombra sobre o altar com um velho cálice
Igualmente santo, durmo como o morto-vivo que sou.

Em mim ecoam vozes, luzes e memórias de todos que
Amei durante a vida e após nascer para a morte.
Seus rostos, corpos descobertos e almas desveladas...
Tantos anjos de túnicas esfarrapadas, asas ceifadas, olhos
Tomados de luxúria e almas inundadas de penumbra.

As rosas crescem e emaranham meu corpo inerte,
Cuja carne branca é perfurada por espinhos.
Eu ouço os mortos cantando e dançando...
Chamando meu nome e o carmesim escurece.
Eu ouço o coral dos mortos cantando
Sua canção fúnebre tomada de ódio e amor.

Eu ouço o coral dos mortos entoando
Sua declaração de amor por mim.
Eu ouço a voz de todos os anjos
Trovejando contra o demônio que
Os corrompeu e que os devorou...
O belo demônio que lhes apresentou
As mais belas sombra da alma.

Eu ouço o coral dos mortos,
Com as vozes agoniadas,
Cantando sua canção de ódio e amor

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