segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

The Storyteller Crow - A Última Cruzada


Muito boa noite, meus amigos que se mantém despertos sob a luz da Lua que jaz lá no alto. Não vim para falar de Lenora e tampouco para atormentar-lhes a alma, a mente ou ainda para atacar alguma carcaça jogada ao chão... pelo menos, não agora. Vim para lhes contar a história de João. Um homem
aparentemente comum. Mas esta história não será narrada através de minha voz e sim, pelo próprio João.

Certa noite eu estava em casa, sentado à mesa de madeira tosca acompanhado por um copo de vinho, quando a realidade pareceu quebrar-se diante de mim. E eu vi anjos, descendo por entre as nuvens, com suas espadas flamejantes e asas cintilantes. Criaturas sem sexo, de face suave a sisuda, olhos 
severos e dóceis.

Do outro lado, desceram anjos mouros, com cimitarras douradas, montados em cavalos brancos. Asas coloridas como tapetes persas e túnicas ornadas com pedras preciosas. Ao fundo, um palacete suntuoso com abóbadas douradas e aromas herbais, donde mulheres de belos olhos castanhos entoavam cânticos 
igualmente belos. À minha frente, O Cristo, O Criador, Maomé e Allah, emudecidos e atentos, com sua onipotência e com sua onisciência.

Então meu copo de barro partiu-se em dois e um estampido rompeu o silêncio. Em meus ouvidos ecoaram gritos de horror, gritos de dor, lamentos de crianças e mulheres, lamúrias em todas as línguas e o som de lâminas rasgando carnes e vísceras. Vi o sangue escorrer sobre a mesa e os corpos amontoaram-se, 
enquanto a podridão permeava o ar e os carniceiros sobrevoavam os corpos dilacerados.O inimigo riu-se atrás de mim. "Vê? Não preciso mover um dedo para que eles destruam-se mutuamente."

E ali, naquela península de um mundo que será descoberto em alguns milhares de anos, via a morte passar como uma grande tempestade de raios e trovões. Corpos amontoados sob a Cruz, que se invertera e sob a Lua, que antes crescia, agora minguava.

O Arquiteto, impassível. Allah, impassível. No entanto, o Iluminado pôs a mão em meu ombro e disse, com doçura: "Bastava que olhassem para dentro de si, pensassem e falassem com suas almas e tudo seria evitado. Antes de alcançar a luz, é necessário atravessar as sombra. Eles, infortunadamente, fracassaram." E ele me sorriu um sorriso amarelo.

Então vi que a palavra dita pela boca, nada significa. Ela pode ser vã, vazia e traiçoeira. A palavra dita pela alma, esta sim é A Verdade incontestável...

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