sexta-feira, 1 de junho de 2012

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Eu vim ao mundo com a minha pele azulada
Uma flauta de madeira nas mãos
Toda a canção sendo entoada
Eu nasci puro e imaculado
Minha música e sorriso propagados.
Todas as noites me deitava com Hipnos.

Assim que cresci fui tomado por Baco
Garrafas e mais garrafas de vinho
Corpos e mais corpos femininos e masculinos
Nada de togas, túnicas ou armaduras
Nenhuma vestimenta estúpida
Eu trajava meramente a volúpia
E todas as noites me deitava com Hipnos.

Amadureci mais e fui tomado por outra entidade
Tive de trocar a criança-azul pelo conhecimento
Tornei-me responsável por tudo o que fazia
Em troca da flauta e da música, ganhei. sabedoria.
E uma noite mais, me deitei com Hipnos.

Chronos se mostrava irrefreável
Meu outono já se apresentava
Com o cair de minhas folhas
E o ressecar do meu tronco.
Toda a exuberância de um carvalho
Agora se mostrava evanescente.
Outra noite, ainda, me deitei com Hipnos.

Então Keras se apresentou por fim
E com resignação, a trouxe para dentro de mim
Um ciclo gigantescamente breve se encerra
[Sem saber se me aguardam luz ou trevas]
Repousarei nos braços de Gaia, a mãe-terra.

Naquela noite me deitei com Hipnos, mas abracei Tânatos.

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