sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O Observador - II ato



Eu ainda observo as pessoas passando lá fora. O meu vinho ainda exala o seu aroma inigualável,
bem como são inigualáveis o meu silêncio que se mistura à música.

Hmm... acho que já me lamentei bastante e me compadeci bastante por outras almas no frio lá
fora. Todas perdidas em meio à uma multidão de outras almas. Por quê eu deveria me importar?

Desvio o olhar atento e te vejo sentada ao meu lado, em minha poltrona vermelha. Talvez
estivesse ali por mera curiosidade de saber o por quê de tanta preocupação com outras pessoas.
Pois eu não sei lhe dizer, minha querida! Eu simplesmente agi assim e, quando me cansei, passei
a observar somente.

Como pude perder tanto tempo olhando para o que é tão desimportante? Fique aqui comigo!
Compartilhe do meu vinho, da minha música, dos meus anjos, do meu silêncio!

Repouse seus cachos em mim e me deixe ouvir, ver e sentir você perto de mim... sentir o calor
que emana do seu corpo.
O cheiro que emana de você... ele é adocicado com um leve toque de acidez. Tão adocicado e ácido quanto este vinho que toca meus lábios com tanta suavidade... a mesma suavidade que há em você.

Oras, por que observar o que há além da janela? Você está bem ao meu lado! Olhar o seu rosto é
mais agradável.
Ver os cachos que caem em suas costas é melhor do que ver as folhas caírem.
Sentir o toque de sua pele é tanto melhor do que o toque suave dos flocos de neve em meu rosto.
Sentir a sua presença é tão melhor do que sentir o próprio vento.

Fique comigo, beba do meu vinho, ouça da minha música, aprecie o meu silêncio, sinta meus anjos.

Veja-me rir das pessoas lá fora e sinta vontade de rir comigo...

Um comentário:

  1. ...sempre estarei ao teu lado...mas,talvez em algum momento,eu farei você fechar as janelas para o resto do mundo...porque talvez eu queira saborear mais do teu vinho,sentir a tua música,refletir com os teus anjos e me perder no teu silêncio....

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