segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Lilium



Um simples caminhar em um lugar de vegetação rasteira, em que o verde é predominante e muito bonito. O ar fresco que parece limpar os pulmões e acalmar tudo o que há de caótico nessa Terra. Meus pés esmagam algumas folhas e galhos secos, que fazem um barulho parecido com o crepitar da madeira no fogo. Amo andar descalço e sentir cada textura no chão... mesmo as pedras mais pontiagudas que poderiam perfurar meus pés. Uma chuva fina sempre cai bem para mim. O cheiro dela misturado ao cheiro de terra forma um perfume diferente... acho que é o cheiro da pele da Mãe-Natureza... é o cheiro que só ela tem.

Eu andava porque não sabia mais o que fazer e andar sempre me acalma. Parece que ficar em campo aberto, recebendo vento e chuva, tira tudo que tem de pesado no corpo e no espírito. Já deitaram no colo de alguém que amam e lá adormeceram? É mais ou menos como isso... só que "deitar no colo" da Mãe-Natureza é algo mais...simbólico...

Resolvi deitar na grama mesmo e fiquei olhando para as nuvens brancas do céu claro. Voltei a pensar na rosa tão bonita e espinhosa. A beleza dela me ofuscou e as marcas dos espinhos estão nas minhas mãos e todo o sangue que ela bebeu de mim, a fizeram mais vermelha e mais viva... mas acho que ela foi envenenada pelo meu sangue. Deitei na relva úmida, ainda com partículas de nuvens condensadas e simplesmente fechei os olhos para não ver nada daquilo, mas tão somente sentir. O perfume inebriante da rosa voltou para me atormentar. Não tem como explicar... é como uma droga... algo nocivo, mas que você gosta. Mas eu senti que aquele cheiro começou a ser sobrepujado por um outro, tão inebriante quanto mas era... puro. Puro como a luz do Sol e da Lua. Tateei a grama ao meu lado e senti a suavidade das pétalas. Uma flor! Tive medo de abrir meus olhos.. não queria aquela cor vermelha os preenchendo novamente. Fazer o que se a minha curiosidade é maior do que o meu bom senso? Abri meus olhos e vi um Lírio tão perfeito! Era rosa e com o ápice das pétalas branco como a própria luz. A coisa mais bela já vista por meus olhos. Acho que chorei porque vi uma gota cair sobre o Lírio, que neste instante, pareceu mais perfumado e mais macio do que antes. Ele me fez um bem imediato e me trouxe uma calmaria que nada neste mundo poderia ter dado a mim.

Fechei os olhos para aguçar os outros sentidos. As pétalas mais macias, o perfume naturalmente doce que me acalmou... juro que o ouvi sussurrar coisas ao meu ouvido. O vento não poderia ter dito o que eu ouvi... Meu espírito se pacificou e se purificou, foi inundado por algo único.

Abri meus olhos e vi um anjo. O meu Anjo que se fez em forma de um lírio. O lírio, símbolo da pureza...o meu anjo, símbolo de uma ágape...

Meu Lírio, meu Anjo, a quem vou ser eternamente grato e de quem eu sempre vou cuidar.

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