quarta-feira, 27 de abril de 2011

Призрак в Тумане




Aquela alameda me trazia ótimas lembranças.
As árvores pareciam ter armazenado tudo o que passou ali, naquela pequena trilha de solo nu, em que eu costumava caminhar.
Não levava qualquer pessoa comigo...sabe quando você cria uma espécie de Elíseos, Éden ou Santuário e que você odiaria macular com presenças ruins? Pois bem, este era um lugar assim.

A vida toda passeava por ali e podia jurar que conhecia cada fibra de cada planta que ali habitava. Podia jurar que conhecia o farfalhar de cada árvore à mercê do vento que soprava suave. Aquelas imensas copas protegiam da luz intensa, do vento intenso e a chuva intensa...ali havia um aroma único...como se fosse uma especiaria lançada ao ar.

Certa vez, enquanto caminhava por lá, senti um vento frio que fez com que eu me arrepiasse. Isso era natural naquele lugar cercado de plantas, então não me incomodei e segui andando como sempre fiz. Porém, uma estranha névoa surgiu, em pleno crepúsculo, ofuscando os tons de violeta, laranja e amarelo que cobriam os céus. Fiquei maravilhado com aquela nuvem densa mas, ao mesmo tempo, assustado pois nunca havia ocorrido aquilo na alameda.

Fiquei parado, sem ação e então, por entre a névoa, surgiu um vulto que pareceu se materializar ante os meus olhos. Aquela forma foi se tornando mais física e mais opaca. Então parte da névoa se dissipou e eu pude ver um par de olhos azuis... um azul tranquilo como um lago profundo, frio e indiferente como a propria névoa que os cercava. Eu reconheci aquele par de olhos..a névoa se tornou densa e quente, por um instante...

- Voltei para vê-lo. - uma voz ressoou na névoa.
- Quem...
- Já me esqueceu? - então um estalo e uma torrente de memórias me ocorreu e rompi em prantos.
- Esquecer de você? Jamais! Eu só havia enterrado você bem fundo, para ter forças e seguir a vida.
- Pois eu prometi que nos encontraríamos, nem que fosse uma única vez.
- Lena...minha lena...seus olhos não mudaram. Pelo contrário, estão mais belos do que antes.
- Não se esqueça nunca de mim! Viva a sua vida, mas não me esqueça...
- LENA! - Pensei ter gritado, mas acho que somente sussurrei seu nome. Nome que eu não pronunciava havia muito tempo.

A névoa começou a se dissipar e eu ainda chorava, como se cada gota de lágrima fosse uma lembrança. Meu corpo estremecia com meus soluços e com a brisa gelada que ali rondava. Aquela massa de ar etéreo se aqueceu e pareceu abraçar meu corpo para aquecê-lo também. A névoa ainda se dissipava e foi como se a mão da minha querida Lena tivesse secado minhas lágrimas.

- Jamais se esqueca de mim, pois eu nunca o esqueci - ela sussurrou no meu ouvido e senti lábios tocarem minha boca.

A neblina se desfez, o crepúsculo ainda se mostrava belo e a Lua começava a brilhar.

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