Meu Inferno Particular

Vivo num mundo sóbrio e sombrio. Em um canto só meu. Convivo bem com meus pedágios. E ninguém entra neste meu espaço.
Este meu mundo é tão doce, tão doce, que chega a ser amargo. Tão bom, que torna-se ruim. Vivo sozinha, minha moradia é, em mim.
Não tenho lema, dilema ou temas. Não sei como vim parar aqui. Este lugar é ameaçador. Dentro do meu corpo tão sofrido, existem inúmeras migalhas de dor.
Ah, se eu conseguisse ao menos fechar os olhos. Mas, bem sei que isto, eu não posso.
Memórias assustadoras se passam diariamente na minha cabeça. E simultaneamente, enxergo o que nunca me veio aos olhos.
Pessoas de quem eu dependo, acham que tudo o que elas falarem, tenho eu de obedecer. Mas, eu sou independente delas, para existir.
Meus laços são tão poucos, que chegam a ser quase nada.
No meu mundo tão cheio de ilusões, eu caio na minha própria contradição.
Minha revolução acontece de segundo à segundo, e eu nem nasci ainda. Nem sei se irei chegar.
Meu grito é de desespero. Ouça, quem puder!
Minha sorte? Eu não a tenho. Ela é um desafio, que tenho de algum dia, ganhar.
Sou a solidão. Prontifico suas lágrimas.
Dissonância e perversão. Malefico sua lástima.
Algum dia conhecerei um mundo resplandescente, à luz do luar. Tão diferente, deste, meu Inferno Particular.