domingo, 2 de janeiro de 2011

Le Sadisme, La Colère et L'amour

O corpo carbonizado de Maxim estalando devido ao resfriamento brusco, faz com que os restos de pele se repuxem exatamente como o corpo de um escorpião exposto ao fogo. A cada repuxada, Maxim dá um urro de dor que ecoa pela noite, fazendo arrepiar até a alma de um mortal. Antinko ouve os gritos de seu amante e chora as lágrimas vermelhas.

- Essas lágrimas são tão desnecessárias. Sabe que eu vou me recuperar, Antinko.
- Podem ser desnecessárias, mas são honestas...inevitáveis. A cada grito que sai de você, um buraco se abre em mim porque sua dor é a minha dor.
- Você não perde essa humanidade nunca...é um anjo mesmo.
- É você quem diz. Pode me dar o nome que quiser, desde que o sentimento por mim não mude.
- Pára com isso e faça algo realmente útil. Cava um buraco bem fundo nesta terra para que eu possa ficar lá.
- Sutil como sempre, não é, Max?
- É o meu jeito de dizer que te amo - Maxim ri com sarcasmo e Antinko gargalha por ver que Maxim está bem.

Antinko cava o buraco e coloca Maxim em seu colo e a cena se torna a visão da Pietá, com um corpo quase morto e alguém que olha com uma dor infinda sobre a agonia do outro corpo.

- O que tá fazendo aqui? Vai pra casa e me deixe aqui sozinho!
- Não! Vou ficar aqui até que se recupere.
- Mas você vai precisar se alimentar e de um lugar confortável para dormir.
- Vou ficar aqui e não vou repetir!
- Antinko....
- Não me faça quebrar sua mandíbula ou arrancar sua língua com meus dentes, Max. Se você morrer, eu morro junto com você! Não vou te deixar aqui!
- Tolo...extremamente tolo...mas tão lindo! Só você mesmo para domar esta besta que está em seus braços.

Ficam ali por meses e Antinko se alimenta de animais que passam por ali, alimentando também Maxim com os mesmos. Obviamente a recuperação do jovem demônio não se deu de uma hora para a outra e ambos naquele buraco foram despertados pelo aroma que penetrava terra adentro, oriundo de flores raras que nasceram naquele solo urbano. Antinko não estava acostumado com situações como essas, então já estava enlouquecendo dentro daquele buraco.

- Max, preciso sair daqui! Já não aguento mais este lugar...
- Eu mandei você ir embora, não mandei? Agora aguenta mais um pouco! O dia ainda está claro e a menos que queira se tornar um bloco belíssimo de carvão, tem de esperar um pouco.
- Ainda é dia? Como sabe se não há sequer uma luz que penetre nessa treva toda?
- Seu idiota! Não sabe usar seus sentidos? Não percebeu como esta terra está gelada e não ouve os animais diurnos que se agitam sobre o solo?
- Ora, essa sutileza toda é amor não é? Ou você ainda está arrependido pelo que fez a mim, por ter me matado, me tirado a vida e me tornado um monstro como você?
- Cala essa maldita boca, Antinko!
- Ah, seu bobo, sabe que eu te amo, não é? Só estou apredendo a ser cruel como você - Antinko lhe dá uma mordida no lábio.

Ao cair da noite, Maxim e Antinko despertam.

- Meu anjo, é hora de sairmos daqui.
- Finalmente! Esse lugar está me incomodando muito e preciso urgentemente tirar esses tênis, porque meus pés estão doendo. Esse lugar não é nada confortável. Saem daquele buraco como dois mortos-vivos de filmes de Hollywood, aquelas figuras empoeiradas, se arrastando sorrateiramente pelas ruas desertas até chegarem na casa de Maxim.

- Vou para o banho, Max. Tô com terra em todos os buracos!
- Estou indo também...
- O que? Você?
- Por que a surpresa? Já vi e já possui tudo ai nesse corpo...
- ...

Antinko já se lavava, quando entra Maxim no banheiro.

- Olha só! Tem alguém aqui que ficou animadinho com a minha chegada.
- Pretensioso...ah! A quem eu quero enganar?
- Vem aqui que eu te ajudo com os seus cabelos. - Maxim lava os cabelos de Antinko, sempre olhando seu pescoço descoberto e molhado.
- Max, o que deu em você? Você nunca foi, comigo, do tipo servil...

Maxim não responde nada, mas somente beija o pescoço branco e crava-lhe os dentes a seguir. Antinko se excita profundamente com aquilo tudo e o banheiro branco e de muito bom gosto, de repente, parece se tornar vermelho vivo e quente. Limpos e ainda molhados, saem do banho atrelados um ao outro como bons amantes que são.

- Antinko, senta ai na cama!
- Por que?
- Senta ai!
- Mas eu ainda nem vesti minhas roupas
- Não precisa perder tempo com isso, porque eu acabaria arrancando qualquer peça de roupa em seu corpo

Apesar de não entender, Antinko se senta na cama como aquele demoniozinho havia pedido. Repentinamente, Maxim começa a massagear os pés rosados de Antinko e aquilo era como o próprio Cristo no episódio do Lava-Pés.

- Max....
- Você me é precioso, Antinko. Não sei ser sutil...não faz parte de mim e apesar disso, você consegue fazer com que eu seja delicado ao menos com você. Não sei como consegue isso de mim.
- Esquece isso, Max! Você me deu o afeto que eu nunca tive e agora me dá amor. Não preciso de mais nada.

Então o diálogo é interrompido e o silêncio toma aquele ambiente. Maxim, surpreedentemente, beija os pés de seu amado e o faz deitar na cama.

- Vira para o outro lado, Antinko! Vou fazer você relaxar
- Tô adorando isso! Depois eu faço em você, Max.
- Não! Já estava na hora de demonstrar como eu te amo...de ser realmente um amante. Sem grosserias, sem ironia, sem sarcasmo, sem ofensas. Só amável.

Quando o belo Antinko se vira, Maxim percebe que nunca havia reparado realmente naquele corpo. Os glúteos volumosos e arredondados, as coxas grossas e as costas lisas. Maxim se perde naquela visão e sente-se ainda mais tentado a tocar o seu amado.
Antinko se arrepia ao sentir aquelas mãos frias descendo por suas costas e acariciando suas ancas perfeitas. Os lábios frios e macios escorregam pela sua dorsal.

- Você é uma menininha aqui embaixo, Antinko - Maxim ri.
- Fazer o que se tenho glúteos de dar inveja e eu sei que você gostou e que os quer, Max. Sei que você quer pegar, apertar e beijar.
- Depois eu é quem sou pretensioso!
- Já disse que tô aprendendo com você.

E aquela cena repleta de amor e alguma carga erótica era estrelada por duas figuras antagônicas, um anjo e um demônio...um demônio absurdamente e surpreendentemente servil. Ficam por ali, protegidos do Sol prestes a ressurgir para banhar os céus com a luz dourada e quente.

Enquanto dormem, Maxim se torna inquieto com alguns sons e visões que lhe chegam à mente que nunca descansa. Ah, como aquilo lhe perturba tremendamente e o enfurece, fazendo com que sua feição revele o demônio que ele é...o sorriso insano, a expressão sádica, os caninos cravados em seu próprio lábio inferior, que sangra. Uma expressão de ódio, angústia e intolerância.

- Isto é um sonho ou uma visão? Creio que será o prelúdio de algo dolorosamente prazeroso para mim - Maxim pensa consigo, rindo como um lunático.

Antinko desperta com uma dor lacinante nos membros, que estão atados por cordas.

- O que é isso? Está doendo...e me queimando.
- Bom dia, meu querido! - ouve-se a voz vindo da mais completa escuridão. O quarto de Maxim era adaptado ao seu estilo de vida, havendo somente algumas frestas por onde a luz poderia passar caso fosse a vontade do belo vampiro.
- Max? O que está acontecendo? Porque meus olhos estão cobertos?
- Para aguçar o seu tato. Não perfurei seus tímpanos porque desejo que ouça tudo o que digo...
- Algo está me queimando...dói muito!
- É a tão necessária luz do Sol. Para os humanos, a vida e para nós, a destruição!
- Se é a destruição, por que me expõe à ela, Max? O que eu fiz?
- Não sei...acho que só acordei com vontade torturar e marcar seu corpo lindo!
- O que...
- Cale-se! - Maxim rasga o corpo de Antinko com as próprias unhas. Eu não suporto você! Não quero amar você! Odeio seu corpo e seu rosto perfeitos! Eu sou um caçador...não deveria sentir nada!
- Max...

Antinko não consegue terminar, pois recebe um soco na barriga, o que o deixa sem ar por alguns segundos. Socos, chutes e garras em todas as direções, dilacerando a carne branca do prisioneiro, manchando-a do sangue vivo que corria no corpo não-morto.

- Aqueles pensamentos...aquilo em minha mente...aaaaaaaaaah eu te odeio! - Outro golpe violento.
- Max, pare com isso! Meus braços e minhas pernas estão doendo e ardendo!
- Idiota! Você ainda não sentiu dor...esse feixe de luz é mínimo mas faz você se sentir no inferno, não é? Agora você vai sentir a dor!

Maxim torce o pescoço de Antinko em direção a luz, fazendo o queimar enquanto o seu amado grita e as vértebras cervicais estalam como se fossem gravetos.

- AH...era isso o que eu queria ouvir! Grite mais alto como eu quis gritar ao ver aquelas imagens! Não consigo imaginar que você poderia querer aquela...humana.

As lágrimas vermelhas corriam pelo rosto de Maxim e pelo rosto de Antinko, como se esse voltasse a ser Ângelo, aquele humano mais frágil do que o vampiro que era agora. Repentinamente, os gritos cessam, o caos deixa de existir e o vermelho da fúria se dissipa.

- Eu te odeio, Antinko...te odeio!- Exausto, cai sobre os joelhos.

Aquele anjo, marcado pelas garras de Maxim e pela luz do Sol, não responde...só chora, derramando mais sangue do que suas próprias feridas.

- Antinko...

Maxim se aproxima, os lábios se tocam e o sangue escorre. Ele usa suas presas contra os lábios de Antinko, que geme de dor e de prazer.

- Vou sugar você, seu merda! Sugar até que você se torne a criatura mais horrenda desta terra!

O demônio bebe até praticamente a última gota da boca de Antinko, fazendo- o se tornar a sombra daquele belo vampiro que era até poucos instantes atrás.
Maxim o solta das amarras e o coloca no chão, como se Antinko fosse o Cristo dilacerado e morto que foi retirado da cruz.

- Eu me odeio, Antinko! Me odeio por permitir que você me domine. Me odeio por te amar e me odeio porque você despertou o que sobrou de humano em mim... vai ficar aí até que eu me canse ou que deixe de amar você...ou até que o diabo seja capaz de sentir pena de você. Vou ver se lhe trago um presente, criatura infeliz.

Maxim sai para caçar e acha uma humana em uma rua relativamente tranquila, mas assustadora. Ele imaginara ter visto aquele rosto antes e a sua fúria novamente desperta.

- É você... é você! - Maxim, faz um corte no pescoço daquela humana e bebe parte do sangue. - Seu sangue é como o vinho doce...tão embriagante e enjoativo como o vinho doce...

Maxim, com sua força brutal, acerta- lhe um golpe no pescoço e carrega aquela jovem para sua casa.

- Antinko, meu amor, tenho uma surpresa para você: uma humana! Como você não pode se mexer, vou arrumar um jeito para que você se alimente, pois é desse tipo de alimento que você gosta, não? Você queria se alimentar dela? Pois então aproveite a visão deste pedaço de carne sofrendo enquanto você se alimenta dela. A morte dela, será por sua culpa...- A risada insana ecoa novamente, desta vez, mais intensa e mais alta.

Maxim, em uma de suas geniais mortes teatrais, pendura a garota de cabeça para baixo, no teto e fende-lhe o pescoço. Ele arrasta Antinko para baixo daquele corpo vivo pendurado no teto, de forma que o sangue caia sobre a boca do anjo desfalecido.

- EU te odeio...mas meu amor é maior e não poderia destruí-lo...não ainda... vou me sentar aqui e apreciar o show. Ouvir os gritos dela e o seu olhar de desespero me farão bem. Seu amor pelos humanos me enoja, então ou você deixará de amá-los ou morrerá por eles, como Cristo fez uma vez. Ah...Lúcifer é que está certo, pois não há nada como não sentir nada por ninguém e, quando sentir, ser capaz de fazer mal ao amor de sua vida...

Maxim, desta vez o espectador, assiste a cada gota rubra que caía do corpo agonizante, direto nos lábios de Antinko.

- Você me é inestimável...e eu criei essa cena para você, Antinko. Esta cena mágica e perfeita..."A santa ceia".





"Hate me /And cut my flesh/Fuck me/ And tie me up /Your hands on me /I see your wrath [....]
Pleasure and pain/ blood and sin /Lust and hate/ sex and death /Kiss and scars/ death and screams /Tears of blood for my lust" - Pleasure and Pain, por Theatré des Vampires




Um comentário:

  1. Perfeitoooo Matti!!! Amo tudo o que escreve!

    Alias mandei-te mail no natal ^^

    Bjnhusss
    byleona.blogspot.com

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