sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

I - Dança da Lua [Lua minguante]


A pele extremamente branca era incomum...tão incomum quanto o azul reluzente de seus olhos grandes contornados por cílios vastos. O cabelo loiro, que lhe caía pelos ombros, contrastava com o preto do sobretudo que cobria seu corpo.
Porém o que realmente marcou aquela figura, foi o par de olhos porque eu nunca havia visto um azul tão pacífico e tão cheio de uma vida triste quanto aqueles. Foi por puro acaso que nos encontramos na beira da praia em uma noite muito nebulosa, mas muito agradável porque a brisa soprava constante sem levantar um grão de areia sequer. Eu estava sentado, tocando a minha flauta de uma forma diferente...era como se a Lua e o mar fossem o maestro que ditava o compasso...talvez eu estivesse hipnotizado...não sei ao certo.

Mesmo com toda aquela penumbra, me pareceu ter visto um vulto se aproximando lentamente. Eu olhava intrigado porém, sem parar de tocar a minha flauta da qual saíam sons quase vivos. Ao se aproximar, pude perceber que a figura carregava um violino e que andava tão suavemente que parecia flutuar.

- Boa noite!
- Boa noite! - respondi.
- Você se importa se eu me sentar aqui? Gosto deste lugar...
- Hããmm...não me importo não. Pode se sentar! - respondi, meio preocupado. Não é comum que pessoas fiquem à beira-mar durante a noite e os que ficam, não costumam ser boas pessoas.
- Não se preocupe, porque não vou fazer mal a você.
- Eu não disse nada!
- Mas eu sei que é isso que você está pensando. Todos pensam assim...acho que é consequência dos dias de hoje, em que não se pode confiar em ninguém.
- Você está certo! Desculpe-me mas é a força do hábito. Aprendi a desconfiar das pessoas...
- Tudo bem! Gosto de ouvir a sua flauta. Faz alguns dias que fico ouvindo você tocar esse som perfeito.
- Humm...eu também sinto que é perfeito, mas só consigo tocar assim quando estou aqui na praia. Deve ter algo a ver com o mar...esqueci de dizer que meu nome é Cloud.
- O meu é Luan. Se incomoda se eu tocar violino aqui?
- Claro que não! Poderíamos fazer um dueto.
- Então toque a sua flauta, Cloud, que eu vou entrar logo em seguida com o violino.

Começamos a tocar e o mar pareceu se agitar um pouco. Não um agito violento mas como se ele estivesse dançando ao som de nossos instrumentos e da minha parte, posso dizer que havia sinceridade...se bem que aqueles olhos azuis faiscava ao ritimo "allegro" do violino.

- É estranho como, mesmo em ritimo frenético, o violino me passa toda a melancolia do mundo. - Eu disse, olhando nos olhos do Luan.
- Você está certo. É que, hoje, eu toco o violino porque ele é adequado ao meu estado de espírito.

Foi então que parei pra lhe olhar no rosto e vi que seus olhos azul-pacífico estavam carregados de algum tipo de tristeza.

- Minha alegria é...minguante, Cloud.
- O que tá acontecendo, Luan?
- Eu gostaria de viver mais entre os humanos...
- O que você quer dizer?
- Como se chama essa música que estamos tocando, Cloud? - Ele desviou a conversa, esquivando-se da pergunta.
- Eu chamo de "Dança da Lua". Ela me inspira e o mar parece que gosta também...as ondas meio que dançam pra mim.
- Faz sentido agora. Entendi porque eu gosto tanto dela...
- Ainda não entendi o que você quis dizer.
- Depois eu explico. Já reparou como o céu ta incoberto? Nem dá pra ver a Lua...

Eu olhei para céu e quando me voltei para onde estava o Luan, ele havia desaparecido.

- LUAN? LUAN? - gritei mas não obtive resposta.

Olhei novamente para o céu e a Lua Minguante reluzia no céu...

* texto do Matti *

2 comentários:

  1. Nuss Mattiiiii, como sempre escrevendo brilhantemente... esse texto poderia ser uma história, sabia? Bem profundo e belo, como a canção da lua...


    Bjnhusss e obrigada pelo brilho noturno
    byleona.blogspot.com

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  2. By the way têm selinhos pra vcs no meu blog!!!

    Bjnhussss
    byleona.blogspot.com

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