domingo, 3 de outubro de 2010

Αθηνά




Em algum lugar, na Grécia:

- Venho a ti por presumir que obterei respostas.
- Quem sabe?
- Não há criatura ou entidade que poderá me ajudar, caso tu não possas.
- Diga-me o que queres!
- Ora, busco conhecimento!
- Que tipo de conhecimento?

Uma pausa...

- Conhecimento útil, pois claro!
- Não, não é claro! Nem todo conhecimento é útil.
- Vejo que não fui feliz! Procuro por sabedoria, minha deusa.
- Ah, isso é difícil! Não sei se posso lhe dar e muito menos se
mereces receber o conhecimento.
- Minha deusa, eu lhe imploro! Vejo-me tão diferente do resto do mundo,
que creio ser eu o problema!

Uma risada espontânea, mas não de deboche. Talvez de compaixão...

- Mortais! Sempre se preocupando em ser comuns...por isso é que os deuses
abusam tanto desta espécie!
- Não compreendo, minha deusa!
- Não te preocupes com o que eu disse! Quer sabedoria? Vá ler Drummond,
Boccaccio, Rice, Lispector, Platão e Nietzsche. Ouça Beethoven, Ravel,
Tchaikovsky. Escute o metal, o ar e as cordas. Escute os discípulos de
Apolo tocarem sua música!

Um ar de surpresa, caracteristicamente humano.

- Mas estes são artistas! Procuro sabedoria em Newton, Einstein,
Freud, Darwin...
- Tolo! Extremamente tolo!
- Tolo, eu, por buscar a ciência?
- Estes artistas são os gênios da vida. Eles falam de sua humanidade
com todos os vícios e virtudes, do estático e do mutável. Eles falam
pela alma divina que há em todos os mortais.

O humano se mostra curioso e confuso.

- Em que isto me é útil?
- Então achas mais útil saber calcular a gravidade ou saber o nome de
cada célula do corpo, em vez de saber do que este conjunto em que seu
espírito vive é capaz de fazer?
- Do que ele...é capaz?
- Sim! O conjunto é importante, pois ele o torna individual.
- Ainda não compreendo!
- Os cientistas tem o conhecimento didático, aquele que o torna um
acadêmico, mas não sabem nada da vida, do que é ser humano...sabem o que
é o homem, mas não o humano. O poeta fala da vida, da essência não-física
do homem, que é a humaniade em si e esta sabedoria é realmente difícil de
se obter, pois ela assusta!

- Diga-me mais!
- Quem conhece a si próprio, tende a enlouquecer antes de se aceitar!
O poeta sabe conviver com esta loucura e a domina em seu favor. E por
poeta digo os que são diferentes, com tu és, não aqueles que escrevem
poemas.

- Começo a compreendê-la, deusa.
- O poeta domina a arte da vida e esta é uma sabedoria útil de fato.
- Faz sentido...
- O que faz com que te sintas estranho, é o fato de que és incomum,
és atento à detalhes que poucas pessoas podem ver, és um poeta
também! Vês outras pessoas e as compreende, ainda que não sejas
compreendido por elas.

Um brilho no olhar humano.

- Quer dizer que sou um tipo de sábio, um poeta?!
- É certo.
- Então por que não sou reconhecido por outros?
- Porque a sabedoria não trás glória e nem fama. Ela atrai outros
como tu, amigos, pessoas necessitadas e gratidão. E não há reconhecimento
maior do que a admiração de um semelhante!
- Então é bom que eu me aceite como sou? Devo me orgulhar de ser esse tipo de sábio?
- Orgulho sim, vangloriar-se não!
- És mesmo a deusa da sabedoria...

Um ar de interesse mútuo

- Vamos conversar sentados sob aquela oliveira?
- Mas és uma deusa e eu um simples humano! Eu não deveria...
- Ora cale-se! Crês que és comum, depois de tudo que lhe disse? Acompanhe-me e
aprecie o meu jardim!
- Perdão! É que me parece fantástica a oportunidade...

O diálogo se prolonga. Ambos fascinados um pelo outro! Uma deusa tão mortal e
um mortal tão divino.



*Esse é para você ^_^*

2 comentários:

  1. Não se esqueça dos filósofos que descreve a lógica da arte, não sendo ciência, não sendo poesia... sendo apenas sabedoria...

    Sócrates sorriu para sua escrita! rs


    Amo o que escreve Matti, parabéns!
    Bjnhuss e dps dê uma passadinha no meu jardim de rosas byleona.blogspot.com
    by

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  2. agora eu posso comentaaaar =)
    AMEI o texto *.*
    vc escreve muito bem... acho que é porque entende as pessoas muito bem =o

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