domingo, 26 de setembro de 2010

Lilith


E ela vinha em todos os meus sonhos, derramando solidão, jorrando sangue em todos os cantos, matéria prima da ilusão.
Um corpo esguio, olhar hipnótico, os cabelos negros cobrindo-lhe os seios.
Deitou-se ao meu lado deixando-me completamente cego com tamanha beleza, que talvez por se aproximar tanto de mim, tenha me feito uma desgraça completa.
Fiquei estático, enquanto ela tomava meu corpo e as minhas sementes. Ahh, aquilo era dolorido... Agradavelmente dolorido, fazendo-me estremecer todo o corpo.

O modo com que fazia-me reagir era inimaginável. Minhas pálpebras caíam e levantavam sob aquela força tão grande, que me tornou submisso quase morto e nem mesmo Hades poderia evitar essa morte.

Ela foi drenando tudo de mim, enquanto eu secava e ficava fraco, incapacitado até de sentir dor, prazer ou mesmo gritar. As feridas deixadas por seus dentes pontiagudos se fechavam e aquele demônio em forma de mulher cravava-os novamente.
De repente, eu já não estava mais morando em mim. Via tudo como um daltônico e gritava pelas profundezas do abismo, que aquela mulher era tão graciosa e ao mesmo tempo tão cheia de malícias.

Me dei conta de que estava no inferno. Ela havia me levado para o submundo e...não sabia se ainda estava vivo, a bem da verdade. Não era um lugar quente, como dizem, mas um lugar de clima agradável e bem bonito.

Mulheres e homens belíssimos...bastante sedutores e diria que isso fez parecer que eu estava no céu. Eu pensaria assim ainda, se não tivesse visto aquela mulher novamente, que agora, vinha trajando um véu negro coberto por distúrbios e perturbações. Me pareciam imagens de homens que rondavam seu corpo perfeito. Eram as almas dos homens seduzidos por aquela succubus.

Percebi que me juntaria a eles em breve, caso nao conseguisse fugir daquela tentação, se não me afastasse dessa criatura belissima impedindo-a de dar a última mordida, o ataque de misericórdia.

Ah, mas ela era tão linda e o inferno era tão belo! Não consegui fugir daquele hálito doce e dos lábios macios. Ela me sugou, até que meu corpo caiu, seco como um tronco árvore.

Minha alma foi puxada para aquele negro véu que ela carregava sobre seu corpo...aquele manto feito de almas como a minha. Me juntei aos milhares que formavam aquela fina capa translúcida. Meu grito e meu lamento era só mais um que ecoava no negro véu daquele fantasma tão sedutor.

Aquela mulher, sob o véu de desespero, era linda. Não sei porque fui parar naquele véu, pois havia outros que se juntaram a nós...

Nenhum homem sabe, até o devido momento, como a morte pode ser agradável.




*Texto feito em parceria com a Srtª.Alyson (Letícia)*

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mostre sua alma!