segunda-feira, 7 de junho de 2010

Miragem


O cair da noite transforma as paisagens de forma brusca...uma metamorfose completa quase inacreditável. A paisagem bucólica de uma praia se transforma em um aglomerado de vultos. Sons capazes de atormentar a sanidade de qualquer mente perfeita.

Os passos sobre a areia fria, tornam-se ruidosos, ásperos, como se um animal te seguisse, pronto para cravar os dentes afiados e rasgando sua frágil carne vermelha.

As árvores se tornam vultos de titãs, que se curvam ao sabor do vento e projetam seus longos braços, produzindo uma sombra infernal sobre a parede de seu quarto. Aqueles longos braços parecem querer quebrar-lhe todos os ossos, como quando você esmaga um amontoado de barro e ele escorre por entre os dedos.

O mesmo vento que faz os titãs se curvarem, assovia violentamente a cada rajada, produzindo uivos pavorosos como um lobo faminto faria, convidando toda a alcatéia para o banquete de carne humana, que será dilacerada violentamente em meio aos uivos de satisfação e de dor.

As ondas do mar ecoam pelas paredes de seu quarto e este eco carrega toda a violência latente no oceano, ameaçando inundar seu leito de sono e matá-lo enquanto você dorme suavemente.

O véu negro da noite afeta sua mente, seus olhos e seus ouvidos, fazendo com que seus sonhos, se tornem o pesadelo de quem ainda não dormiu.

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